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Medidas de apoio ao capital dos bancos na pandemia geraram 63 milhões de crédito

Um estudo do Parlamento Europeu, com base em dados recolhidos de 27 grupos bancários em dez Estados-membros da UE, mostra que as medidas temporárias de reforço do capital da banca na pandemia geraram 63 mil milhões de euros de crédito adicional.
25 Outubro 2021, 08h00

Um estudo do Parlamento Europeu, solicitado pela Comissão de Assuntos Económicos e Monetários (ECON), com base em dados recolhidos de 27 grupos bancários em dez Estados-membros da União Europeia (UE), mostra que os bancos utilizaram amplamente as medidas de alívio do impacto Covid-19, com algumas diferenças entre os países quanto à intensidade da utilização.

A análise foi realizada numa amostra que corresponde a 50% dos ativos bancários nos dez países da UE.

A flexibilidade na classificação de risco não parece ter prejudicado a capacidade dos bancos de relatar e reconhecer o risco de forma adequada, mesmo para empréstimos sob moratória, revela a análise. Os resultados sugerem que o impacto das medidas sobre a oferta de crédito dos bancos foi globalmente positivo e principalmente impulsionado por medidas de reforço do capital, como a “solução rápida” (Quick Fix).

Resumindo, as conclusões do estudo sugerem que cerca de metade do aumento do crédito observado nos bancos da amostra (correspondente a 123 mil milhões de euros) pode ter sido devido à implementação do regulamento “Quick-fix” e ao seu efeito no capital dos bancos. Dado o montante total de crédito da amostra de bancos em 2019, tal traduz-se numa estimativa de 63 mil milhões de euros de crédito adicional fruto da implementação das medidas “Quick-fix”.

É provável que este montante represente um limite inferior, uma vez que algumas outras medidas também podem ter desempenhado um papel, incluindo as injeções de liquidez ao abrigo do programa TLTRO e os empréstimos concedidos ao abrigo do sistema de garantia pública.

O objetivo deste estudo foi o de investigar o uso de medidas de alívio Covid-19 que foram introduzidas para salvaguardar o sistema bancário e os seus efeitos sobre o comportamento dos bancos.

O foco está nas medidas tomadas para apoiar a capacidade do sistema bancário de fornecer crédito à economia real. Para tanto, as medidas em análise foram as medidas de política monetária e, em particular, as injeções (direcionadas) de liquidez de longo prazo (TLTRO); as medidas fiscais, nomeadamente empréstimos em regime de moratória e sujeitos a garantias públicas; as medidas para introduzir flexibilidade nas práticas prudenciais, supervisão e resolução; e medidas que introduziram mudanças nas regras, tais como as restrições à distribuição de dividendos e o ajuste da regulamentação prudencial (Quick-fix).

Uma das questões a que o estudo europeu pretendeu responder é se os bancos realmente aumentaram o crédito à economia como efeito da introdução das medidas Quick-fix (suspensão de dividendos e flexibilização nas regras prudenciais ao nível do capital – o BCE flexibilizou as regras de capital dos bancos, libertando temporariamente as almofadas de capital).

A tendência de aumento das provisões para crédito na parcela de empréstimos sob moratória, na sequência de o risco de crédito ter aumentado significativamente (ou seja, classificados com empréstimos no Stage 2 de acordo com a classificação IFRS 9) sugere que houve uma monitorização cuidadosa dos créditos sob moratória por parte dos bancos, refere ainda o estudo.

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