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Medidas verdes não são suficientes. Produção alimentar deve mudar, garante relatório da IPCC

“As alterações climáticas estão a exacerbar a degradação da terra através do aumento da intensidade da chuva, inundações, frequência e severidade da seca, stress térmico, vento, aumento do nível do mar e a ação das ondas”, denuncia o relatório apresentado.
7 Agosto 2019, 20h06

Resolver a crise climática que está a afetar o mundo através de diversas tentativas de redução das emissões de carbono dos veículos, indústrias e de centrais elétricas estão condenadas a falhar, denunciam cientistas que estiveram presentes no Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) em Genebra.

Um documento divulgado na conferência afirmou que vai ser impossível manter as temperaturas globais a níveis seguros, a não ser que aconteçam transformações na forma como o mundo atualmente produz alimentos e administra os solos, divulgou o jornal britânico ‘The Guardian’ na terça-feira.

Atualmente, os seres humanos estão a explorar 72% da superfície terrestre para alimentar, vestir e apoiar a população, garantem os mesmos cientistas. Ao mesmo tempo, a agricultura, silvicultura e outros usos do solo produzem perto de um quarto das emissões dos gases de efeito estufa.

Quase metade de todas as emissões de metade, sendo este um dos gases poluidores mais potentes, provém dos campos de gado e arroz, enquanto a desflorestação e a remoção de turfa (carvão) do solo causam níveis significativos de emissões de carbono para o ar. Por sua vez, a agricultura intensiva também tem causado grande impacto, devido à erosão do solo e à redução da quantidade de material orgânico no solo.

“As alterações climáticas estão a exacerbar a degradação da terra através do aumento da intensidade da chuva, inundações, frequência e severidade da seca, stress térmico, vento, aumento do nível do mar e a ação das ondas”, denuncia o relatório apresentado.

Alguns tópicos presentes na discussão em Genebra foram as consequências do aumento das emissões dos gases de efeito estufa, que incluem a diminuição de cobertura de gelo marinho no Ártico, que atingiu reduções recordes em julho, as ondas de calor que atingiram a Europa foram até três graus Celsius mais elevadas do que nos anos anteriores e o aumento de 1,2 graus Celsius das temperaturas globais no mês de julho.

Na conferência os cientistas alertaram que o aumento das temperaturas a nível global são o caso mais preocupante, uma vez que o aumento superior a 1,5 graus Celsius prova a desestabilização climática. “Estamos a chegar perto de alguns pontos de inflexão perigosos no que refere os comportamento do clima. Como o último relatório divulgado garante, será muito difícil conseguir fazer os cortes que precisamos para evitar que isso aconteça”, sublinhou Bob Ward, diretor de políticas do Instituto Grantham de Pesquisa sobre Alterações Climáticas e Meio Ambiente.

O relatório enfatiza que o planeta terá de ser gerido de forma mais sustentável, para libertar menos carbono que atualmente. Os terrenos de turfa terão de ser restaurados, interrompendo a drenagem. O consumo de carne também deverá ser cortado para reduzir a produção de metano, e o mesmo deverá acontecer aos desperdícios alimentares.

“O consumo de dietas saudáveis e sustentáveis, à base de grãos, leguminosas e legumes, nozes e sementes, apresentam grandes oportunidades para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”, admite o relatório da organização. Ainda assim, as alterações dos seres humanos não se deve ficar por aqui, permitindo “ampliar o acesso a serviços agrícolas”, além de fornecer os agricultores de “sistemas de alerta antecipado para clima e eventos climáticos sazonais”.

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