A semana pretérita foi marcada por notícias, de conteúdo oposto, no que diz respeito à banca a actuar em Portugal. Estudos dizem que a sua reputação está longe de ser admirável, mas ao mesmo tempo há quem ganhe prémios de “melhor empresa para trabalhar”.

Num estudo de uma consultora de Marcas e Comunicação, ficámos a saber que nenhum banco granjeia os lugares cimeiros no que toca a reputação ou a admiração dos consumidores portugueses. Marcas alimentares, software e telemóveis, disputando os lugares cimeiros. Automóveis, hospitais privados, depois. No fim da tabela, bancos de retalho. Em linguagem futebolística, diríamos que estão na zona de descida ou a disputar uma liguilha de rebaixamento.

O contraste não poderia ser maior quando comparado com os rankings das décadas de 1980, 1990 e no início do século XXI. Tema, decerto, a merecer a atenção dos accionistas, executivos e sindicatos do sector financeiro. E até dos reguladores e dos poderes políticos.

Não querendo tomar a nuvem por Juno, e porque a maior parte dos bancos são respeitosos e cumpridores, indago os leitores sobre a natureza destes resultados.

Será que é porque em tempos se vendiam produtos de dívida e de capital dos accionistas de controlo, como se produtos de aforro garantido fossem ocultando a sua verdadeira natureza?

Será porque há quem menorize os parceiros sociais, recusando-se a admitir que enceta processos de restruturação, impedindo o cumprimento da lei e a participação, ab initio, dos representantes dos trabalhadores?

Será que é porque há quem intime os trabalhadores a aceitarem “rescisões por mútuo acordo”, com o anúncio de uma extinção de posto de trabalho ou de um despedimento colectivo? E depois da recusa continuam a “convidar” a ponderar?

Será que é porque desrespeitam a lei e a convenção colectiva ao comunicarem (por vezes apenas oralmente) o encerramento do balcão, não dando oportunidade aos trabalhadores de conciliar a vida familiar com a profissional?

Será que é porque comunicam que o balcão vai encerrar, mas nada dizem quanto a nova ocupação, transmitindo oralmente ao trabalhador para ficar em casa a aguardar contacto posterior dos Recursos Humanos com proposta de rescisão, violando o dever do empregador à ocupação efectiva dos trabalhadores?

Será que é porque às cartas dos Sindicatos a pedirem a suspensão do processo, nunca admitido, de restruturação, enquanto durar o Estado de Emergência, nada respondem?

Será que é porque a comunicação social de outros países relata práticas da casa mãe ou suas filiais, identificando-as como assédio moral, as quais são agora replicadas em Portugal?

Será porque a comunicação social portuguesa vem dando eco disto tudo?

No meio de uma busca incessante de eficiência, insensível às pessoas, ficamos muito desconfiados sobre os “prémios” de “melhor empresa” para se trabalhar. Uma medíocre reputação por parte dos consumidores, trabalhadores atingidos na sua dignidade, a comunicação social a dar nota disso mesmo. Alguém acredita nos “prémios”?

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.