Trump ganhou as eleições americanas com o chavão Make America Great Again (MAGA). Por sua vez, na nossa União Europeia (UE), Mario Draghi elaborou um relatório sobre a competitividade europeia. Parafraseando Trump, podemos dizer que pretendia Make Europe Great Again (MEGA)!

Já aqui escalpelizei o Relatório Draghi em termos de política industrial. Hoje abordo outra dimensão, a das políticas climáticas e da dita transição energética, em que o Relatório Draghi é valioso pela clareza do diagnóstico, mas falha rotundamente nas recomendações.

Draghi reconhece a nossa desvantagem em termos de energia em relação aos EUA e China, mas depois propõe mais do mesmo, ou seja, exactamente a política que nos levou a tal!

As energias eólica e solar são intermitentes e, como tal, levam a uma utilização subóptima de um sistema eléctrico, requerendo centrais térmicas de backup com carvão e gás natural importados, para fornecerem energia quando não haja vento e sol, e dispendiosos sistemas de armazenamento da energia excedentária quando há vento e sol que leve a produções renováveis em excesso em relação ao consumo.

Por isso, e por mais renováveis que instalemos, continuaremos a ter que importar carvão e gás natural, levando o preço deste por vezes a elevados preços da electricidade!

O Relatório não ousa, obviamente, pôr em causa o mito do carbono zero na UE para 2050, lançado por Ursula von der Leyen, imposição irrealista feita pelos Verdes alemães à Alemanha e à UE, a qual apenas emite 7% do CO2 mundial, mas parece querer sozinha limpar o mundo do CO2, quando este é um problema global. Neste contexto, os Verdes forçaram a Alemanha e a UE a adoptar um modelo em que só teríamos redes eléctricas com energias renováveis e um parque automóvel apenas com veículos eléctricos.

Na Alemanha, o abandono do nuclear mostrou que tal não conseguia ser suprido por mais energias renováveis, mas sim com mais carvão, mais gás natural, mais emissões de CO2 e preços exorbitantes para a energia eléctrica, levando à desindustrialização.

Com isso, e com a dramática situação da indústria automóvel na sequência da entrada maciça dos eléctricos chineses, a Alemanha está à beira do suicídio socioeconómico, e está a arrastar a UE para um desastre de grandes dimensões que, segundo alguns, poderá mesmo levar à fragmentação da UE.

MEGA? Esqueçam!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.