Paradoxalmente, e apesar das previsões de diminuição significativa da população Portuguesa, onde até nos cenários mais otimistas de recuperação da taxa de fecundidade e/ou de saldo migratório positivo será difícil evitar o declínio da mesma, o caso nacional não é exceção, com uma tendência crescente de concentração urbana.

Apesar deste fenómeno, um conjunto de fatores desafiará e condicionará as projeções de crescimento dos mega polos urbanos. As alterações climáticas que se refletem em situações extremas, provocando a desertificação de territórios habitáveis, a subida do nível do mar, secas, e a interrupção de eventos climáticos sazonais, e dando origem aos refugiados climáticos, têm também o seu impacto nas cidades. Os problemas de abastecimento de água na Cidade do Cabo nos últimos anos, são exemplo disso. De uma forma geral, a concentração excessiva de populações num perímetro urbano, coloca sob pressão os recursos que a suportam. O aumento do número de habitantes e o ritmo a que essas concentrações ocorrem geram efeitos adversos com consequências na habitabilidade das cidades, nomeadamente na capacidade de mobilidade, no aumento da poluição, ou no aumento de preços de ativos imobiliários, agravando desigualdades. Os efeitos adversos gerados, quando tomam proporções que tornam insustentável a vivência dentro de padrões aceitáveis ou economicamente viáveis, transformam-se em barreiras ao crescimento da própria cidade que os gera.

Nos países mais desenvolvidos, com uma maior distribuição dos recursos e serviços de suporte pelo território, nomeadamente hospitais, universidades ou outras instituições governamentais, as barreiras involuntariamente geradas e autoimpostas pelas grandes cidades ao seu crescimento beneficiarão cidades de menor dimensão, que criam oportunidades de dinamização, e oferecem grande parte das condições das grandes cidades, sem a perniciosidade de perda de qualidade de vida. Com políticas públicas adequadas, estas cidades tendem a mudar a sua cultura, criam formas de envolver os cidadãos em colaboração com os governos locais e entre os participantes da comunidade, cultivando uma mentalidade e uma dinâmica empreendedora que as transformam em plataformas de inovação tecnológica, do espaço público, infraestruturas e modelos de atração de investimento.

Até que ponto a sua cidade deixou de ser um lugar onde existem projetos de inovação, e se tornou numa verdadeira plataforma para inovação?