Embora as primeiras décadas do século XXI tenham sido agitadas, vivemos num período relativamente mais pacífico da história global. Em comparação com o século XX, houve uma redução substancial nas guerras entre Estados, apesar do aumento dos conflitos domésticos. Esses conflitos internos podem escalar, mas, até agora, temos vivido um tempo menos sangrento na história.
Contudo, mesmo com essa aparente redução da letalidade, o século XXI é significativamente mais perigoso. Novas formas de conflito emergiram além das batalhas convencionais. Hoje, as guerras são travadas no ciberespaço, nas sombras da espionagem e com o uso de mercenários.
A guerra cibernética se tornou uma das maiores ameaças à segurança global. Um exemplo recente foi a ação de Israel no Líbano, onde utilizou pagers para realizar ataques, demonstrando como até tecnologias obsoletas podem ser transformadas em armas letais. Este evento alertou o mundo para a vulnerabilidade de dispositivos digitais – smartphones, computadores, tablets – tornando-os ferramentas nas mãos de Estados que perseguem objetivos nem sempre pristinos.
Se antes temíamos hackers em busca de senhas e dados, agora sabemos que até os governos realizam operações cibernéticas similares. Esses ataques podem paralisar nações inteiras, comprometendo redes de energia, comunicação, finanças e até sistemas de saúde. Por serem realizados de forma anônima, é crucial estabelecer normas internacionais para o ciberespaço, especialmente quanto à soberania nacional e a proteção do indivíduo.
A espionagem, na era digital, atingiu outro patamar. A revelação de Edward Snowden trouxe à tona o lado sombrio das operações de vigilância governamental, onde não só cidadãos, mas também líderes locais e estrangeiros são monitorados. Em nome da segurança, a privacidade tem sido sacrificada, frequentemente pelos mesmos que se dizem defensores da liberdade e bem-estar social.
O uso de mercenários e empresas militares privadas também se tornou um traço dos conflitos contemporâneos. Essas entidades oferecem vantagens como flexibilidade, anonimato e ausência de restrições éticas, além de evitar o desgaste político associado a intervenções diretas.
Apesar da instabilidade persistente, sobretudo no Médio Oriente, região com maior potencial para um conflito nuclear, o século XXI tem sido, em termos de baixas humanas, menos letal. No entanto, nunca enfrentamos uma era tão perigosa quanto esta na história humana. É preocupante.