O mercado alemão do setor da Saúde responde anualmente por cerca de 11,3% do PIB (376 mil milhões de euros), tem uma forte apetência pela inovação e pela investigação e desenvolvimento e, como em Portugal, a sociedade alemã está a envelhecer: em 2035 haverá 24 milhões de alemães com mais de 65 anos – e cerca de quatro milhões dependentes de cuidados médicos.
Este é lado bom do mercado, aquele que permite perspetivar um forte crescimento da procura e um desenvolvimento exponencial nos próximos anos. Em Portugal, as exportações em Saúde atingiram os 694 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, um crescimento de 7,51% quando comparado com igual período do ano anterior (dados do Instituto Nacional de Estatística), o que é não só um ritmo superior ao crescimento das exportações portuguesas no primeiro semestre (2,9%), como revelam um enorme potencial de crescimento.
“Este potencial é bem acima do que se verifica nos setores tradicionais”, disse ao JE Miguel Crespo, diretor em Berlim, da AICEP Portugal Global, o que determinou uma atenção especial do Health Cluster Portugal (HCP) – nomeadamente no que tem a ver com o poderoso mercado alemão.
O interesse tornar-se claro quando “se sabe que o setor da Saúde na Alemanha pesa mais 11% na criação da riqueza naquele país”, e a organização, por parte do HCP, de um colóquio sobre a matéria em Matosinhos foi forma de dar resposta, e informação, os mercado.
O problema é que há um lado menos bom do mercado: a concorrência é feroz, uma vez que praticamente todos os gigantes empresariais ligados à Saúde – e não apenas as farmacêuticas – estão na Alemanha, para além, evidentemente, dos próprios gigantes ‘caseiros’.
As relações setoriais entre Portugal e a Alemanha não estão a passar pelo melhor dos momentos, como disse Luís Soares, da HCP, para quem a Alemanha precisa de conhecer melhor as principais ‘skills’ do setor nacional. Inovação, investigação e desenvolvimento, eficácia da indústria e alta qualificação dos colaboradores, são alguns dos pilares que importa reter – e que são necessários e suficientes para ‘seduzir’ os investidores e empresários germânicos.
Porquê a Alemanha? Para além dos números, porque áreas como os cuidados de saúde, a farmacologia, os instrumentos médicos, a investigação e desenvolvimento, são aquelas em que, como disse Marcus Schmidt, diretor do Germany Trade & Inv.
Um pequeno senão, sempre o mesmo: a concorrência, como revelou Frank Watenberg, da IQVIA (multinacional que atende às indústrias combinadas de tecnologia da informação em saúde e pesquisa clínica), que chamou a atenção para que o mercado da Saúde alemão é muito competitivo – e espera que a concorrência tenha uma proposta de valor que seja de facto atrativa. “É um mercado cada vez mais difícil, mas que ainda tem nichos que podem ser interessantes”, referiu.
O setor da Saúde em Portugal representa um volume de negócios anual na ordem dos 30 mil milhões de euros e um valor acrescentado bruto de cerca de nove mil milhões, envolvendo perto de 90 mil empresas e empregando quase 300 mil pessoas.
Mas o HCP – que assinou com o Governo um pacto de competitividade e internacionalização (como vários outros setores) – tem como um dos seus objetivos estratégicos até 2025 ultrapassar os 2,5 mil milhões de euros de exportações em saúde e triplicar o valor dos ensaios clínicos realizados em Portugal, de 50 para 150 milhões de euros, e aumentar o número de doutorados a trabalhar em empresas da Saúde, passando de 250 para 750.
Entre os objetivos definidos nesta parceria contam-se ainda estimular a capacidade concorrencial entre as empresas do setor e antecipar e preparar a evolução das necessidades da indústria, designadamente em termos de competências e empregos.
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