Em cada início de ano nos perguntamos: como vai ser o mercado este ano? E, entre nós e os diversos agentes que operam neste mercado imobiliário – sejam promotores, arquitetos, empresas de construção, mediadores e investidores – a cada ano, temos um desejo comum: que o Governo não interfira, não faça nada que prejudique o mercado.
Infelizmente, nos últimos anos, o nosso desejo não se concretizou, e fomos confrontados com uma onda de populismo absurdo na tentativa de resolução do problema da falta de habitação. Se tivessem olhado para os números, teriam constatado que nunca se produziram tão poucas casas em Portugal como nos últimos três anos. E em vez de fomentarem a nova construção e a reabilitação do existente através de medidas de incentivo, fizeram o contrário, o mais popular, imposições e restrições num ataque ideológico a proprietários e promotores.
Neste início de ano, olhamos para a frente e vemos uma encruzilhada. Sendo a habitação um dos centros do debate político, vemos com grande preocupação a possibilidade, inexplicável, de o candidato do partido no poder ganhar de novo as eleições. Sendo ainda mais extremista do que o anterior, irá com certeza cozinhar com o Bloco de Esquerda um programa ainda mais intervencionista e com maior carga fiscal, tipo venezuelização do mercado.
Do outro lado, temos a possibilidade de trazer alguma normalidade ao mercado e esperar que os novos governantes entendam que o mercado precisa de mais oferta, e que para isso é necessário fomentar a construção com a simplificação efetiva das leis de licenciamento, disponibilização de terrenos urbanos nos concelhos mais carentes e com a redução dos custos de construção, através da redução da carga fiscal, nomeadamente com IVA Zero para toda a construção destinada a habitação.
Há por isso uma escolha fundamental a fazer no próximo mês de março, com grande impacto no mercado imobiliário.
Esperamos também que os juros mantenham a sua tendência de descida, e desta forma leve a um alívio das famílias que têm na prestação da casa um encargo com grande impacto no orçamento familiar, e daqueles que ainda não entraram no mercado imobiliário por não poderem pagar a prestação de um financiamento com juros tão altos. Temos confiança que ao longo do ano uns e outros vão começando a olhar para a sua primeira casa ou para um upgrade em relação à atual.
Confiantes também que o País mantenha todos os muitos atributos que atraem cada vez mais mercados estrangeiros: segurança, baixo custo de vida (quando comparado com os seus países de origem), planos privados de saúde, escolas privadas, infraestruturas a funcionar e um custo de aquisição inferior aos nossos principais concorrentes. Esperamos que um novo governo recupere o Programa do Residente Não Habitual para que se mantenha este fluxo de indivíduos e famílias com poder de compra. É fundamental não só para o imobiliário, mas para a economia como um todo.
Temos por isso uma escolha importante a fazer nas próximas eleições. A continuidade da ideologia e do populismo, ou a possibilidade de vir alguém enfrentar as verdadeiras causas da falta de habitação e promover as necessárias mudanças estruturais.