Enquanto os partidos e a imprensa vão discutindo se Portugal está imerso numa crise política real ou artificial, o mercado já deu a sua opinião: não há crise alguma. Portugal foi ao mercado na quarta-feira, tendo os leilões de dívida sido novamente muito satisfatórios para o Tesouro. Os montantes a 10 e 15 anos foram colocados com facilidade e aos juros mais baixos de sempre para estes prazos.
É verdade que o momento de mercado foi favorável em termos de taxa fixa, numa semana em que os bunds alemães a 10 anos voltaram a ter rendimentos negativos, mas o resultado é uma demonstração de confiança de que nada de muito negativo se vai passar com os países periféricos nos próximos tempos. É também reflexo da existência de rendimentos negativos em quase todos os prazos nos países do centro da Europa, levando à procura de algo que pague um pouco mais. Exige-se pouco para remunerar o risco assumido.
Mas também fica claro que o mercado não está nada preocupado com a ameaça de demissão de António Costa, porque interpreta que esta situação não altera o essencial: Portugal continua ser percecionado como comprometido com as regras e recomendações orçamentais de Bruxelas, e a gestão da dívida tem sido feita de forma correta.