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Mercados: petróleo não acompanha euforia dos índices bolsistas

A aparente desconexão entre o petróleo e o mercado de ações reflete a forma como o petróleo está a reagir mais aos fundamentos do setor que ao apetite geral pelo risco.
petróleo
10 Abril 2025, 10h48

Os preços do petróleo voltaram a cair acentuadamente esta terça-feira, corrigindo quase 2,5%, impulsionados por uma tempestade perfeita de fatores que afetam tanto a oferta como a procura globais. “Enquanto os principais índices bolsistas estão a recuperar acentuadamente após a decisão dos Estados Unidos de suspender a implementação de novas tarifas durante 90 dias, o mercado do petróleo está a sofrer com um ambiente de excesso de oferta e dúvidas sobre a força económica dos principais consumidores”, refere o analista Vicente Nieves, citado pelo jornal ‘El Economista’.

Esta desconexão entre as ações e o petróleo reflete a forma como o petróleo bruto está a reagir mais aos fundamentos do setor do que ao apetite geral pelo risco. Um dos principais elementos desta correção é a recente decisão da OPEP+ de começar a introduzir no mercado mais 411 mil barris por dia a partir de 1 de maio, acelerando o fim dos cortes de produção.

Este aumento da oferta, refere o analista, ocorre num momento delicado, precisamente quando os stocks globais começavam a estabilizar, aumentando a pressão sobre os preços já deprimidos pela perspetiva de crescimento mais lento. A oferta está a expandir-se mais rapidamente que a procura a consegue absorver, especialmente se persistirem os receios de uma desaceleração na Ásia.

Do lado da procura, a presença contínua de tarifas dos Estados Unidos sobre a China, um dos maiores consumidores de petróleo do planeta, é particularmente significativa. “Embora a trégua comercial tenha acalmado os investidores do mercado bolsista, o facto de Pequim continuar a enfrentar barreiras tarifárias ameaça limitar o seu crescimento económico e, por conseguinte, as suas necessidades energéticas”.

O mercado teme que este cenário atrapalhe a recuperação do consumo de petróleo, “numa altura em que é preciso exatamente o contrário para equilibrar um mercado que voltou a estar desequilibrado”.

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