Os partidos políticos têm como objetivo a conquista e a manutenção do poder, que não haja dúvidas sobre isso, e a confiança dos eleitores é, obviamente, um elemento essencial para que consigam lá chegar e, mais importante, por lá manter-se.
Desenganemo-nos, que os políticos não são os tais vendedores de carros em segunda mão. Esqueçam essa imagem que nunca fez grande sentido para explicitar o que se procura nos eleitos, e há resultados concretos de atos eleitorais para o demonstrar; olhem para o que aconteceu agora na Madeira.
O tipo de confiança que os eleitores parecem procurar é outra, é em alguém que os conduza para melhor do que estão hoje e que o faça de forma a que queiram que continue. Procura-se a recorrência, não esquecer. E sabe-se que mudamos quando o dia a dia se torna insuportável ou quando perdemos a esperança em melhores dias.
Numa época de conflitos, sobressaltos, de instabilidade, em que nem as estações do ano respeitam a tradição, temos pouco a que nos agarrar que nos faça sentir seguros e a constância é, por isso, mais valorizada. Precisamos que a coisa pública esteja entregue para podermos preocupar-nos com a nossa vida, que já tem que chegue, como pagar contas ao fim do mês. Desde que, claro, se garantam serviços públicos concretos, como haver aulas, as urgências estarem a funcionar e nos sentirmos relativamente seguros. Um mínimo.
Por isso, um político é mais um merceeiro, sempre no fio da navalha, no equilíbrio entre entregar aquilo que o cliente procura para que este continue a regressar, mas ganhando com o negócio. Mesmo que com jeitinho.