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Merytu soma mais de 60 mil profissionais que querem flexibilidade na hotelaria

“O modelo tradicional de trabalho foi algo que vimos que não estava a resultar”. Startup portuguesa Merytu premeia mérito dos profissionais nos setores pouco tecnológicos da hotelaria e restauração.
João Merytu
17 Fevereiro 2025, 08h45

A startup portuguesa Merytu já soma mais de 60 mil profissionais inscritos na plataforma que visa fazer o match perfeito entre empresas de hotelaria e restauração e trabalhadores independentes. As contas são de João Silva Santos, CEO da plataforma digital, em entrevista ao Jornal Económico.

Além destes profissionais, a Merytu contabiliza cerca de mil empresas clientes, que vão desde restaurantes low-budget até cadeias internacionais. Explica-nos o fundador que a plataforma digital recolhe ofertas que podem ir de quatro horas até vários dias.

“As empresas lançam a oferta [de trabalho] na nossa aplicação, que depois são aceites por profissionais qualificados. São estes que aceitam, caso pretendam a vaga”, adianta o CEO. A ideia da Merytu surgiu num momento delicado para a indústria hoteleira e de restauração, que vivia falta de mão-de-obra qualificada quando se deu o boom turístico.

“Aqui há uma democratização das opções profissionais e uma interação de parceira entre empresas e profissionais. Depois tudo acontece num fluxo integrado e automático, quer os pagamentos aos profissionais, faturação e seguros é tudo através da app“. Uma das vantagens para os profissionais do setor é que têm a opção de avaliar as condições do trabalho que teve de desempenhar, enquanto as empresas têm um inquérito de satisfação em relação às funções de quem contrataram temporariamente.

É então através destes inquéritos, explica-nos João Silva Santos, que os profissionais vão subindo o seu nível de experiência e lhes é permitido ganhar um valor-hora superior. Também a avaliação dos profissionais às empresas faz com que estas sejam mais ou menos apelativas.

A criação da plataforma, que aconteceu em 2021, aconteceu também em função das gerações atuais. “As empresas tinham muito para oferecer, mas num modelo muito tradicional e hermético. As gerações mais novas, que se inseriram no mercado de trabalho recentemente, querem mais flexibilidade e apelam ao equilíbrio entre a dimensão pessoal e profissional”.

“O modelo tradicional de trabalho foi algo que vimos que não estava a resultar. Notámos grandes taxas de absentismo nas empresas e a situação era insustentável”. Foi então que os quatro sócios-fundadores viram “nesta nova tendência do trabalho autónomo descentralizado” um espaço para apostar.

A plataforma acaba por ser um fim para atingir os meios: ter rendimento e ainda a flexibilidade. Adianta-nos João Silva Santos que este é o chamado “modelo aberto de trabalho”. “As pessoas não pertencem à plataforma e não pertencem à empresa. São realmente autónomas e são elas que decidem os enquadramentos que mais lhes favorecem”.

Com dois mercados distintos, embora complementares, o CEO evidencia que o mérito do profissional é o que está em evidencia aquando da escolha e posterior avaliação. “O crescimento nestes três anos tem sido intenso, especialmente no que respeita partilhar este conceito com setores que não estão muito virados para a tecnologia…”.

Ainda assim, o balanço final é positivo para a equipa da Merytu e isso vê-se então nos números que têm conseguido atingir de inscritos. Enquanto os profissionais são mais ativos, as empresas ainda se mostram mais recetivas, o que João Silva Santos considera natural, visto a experiência da restauração e hotelaria ainda é bastante tradicional.

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