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Metade da profecia está feita e agora?

Para esta semana o tema da guerra comercial deverá manter-se no topo dos catalisadores do movimento em Wall Street, sendo no entanto de ter em conta os ‘non-farm payrolls’ que irão sair na sexta-feira.
3 Junho 2019, 08h50

Um dos mais conhecidos lemas de Wall Street é o “sell in May and go away”, que se refere a algum hábito dos investidores em encaixarem mais valias após um ciclo ascendente de início de ano e antes dos meses de férias, tipicamente mais incertos e com menor volume, para não esquecer a também habitual correcção da reentrada de mercados que costuma ocorrer entre setembro e outubro, altura em que os investidores reentram para aproveitar o tradicional rally de fim de ano.

Como é óbvio esta sequência não é sempre uma realidade, mas numa boa parte dos anos a sua estrutura principal mantém-se. Este ano para já metade da profecia está cumprida após os índices norte-americanos terem averbado em maio as primeiras perdas mensais do ano, desde os -6.58% do S&P500, aos -6,69% de recuo do Dow Jones, até aos -7,93% de perda verificados no tecnológico Nasdaq.

No S&P500, o principal índice accionista mundial, o pessimismo das últimas semana não só foi o mais elevado desde o Natal, como o mês de maio foi o segundo pior para os Bulls desde 1965, reforçando a ideia de que a parte do vender em ,aio referida no lema, foi seguida à letra.

Já a razão para tal desempenho também não é segredo algum, Trump e o ressurgimento das suas tarifas alfandegárias que depois de uma primeira fase mais intensa de retórica com a China, virou os holofotes para a União Europeia e na sexta-feira para o México, ao anunciar uma taxa de 5% para os produtos importados pelos EUA do seu vizinho a sul, subindo esse valor gradualmente para os 25% até que o problema da imigração ilegal de cidadãos vindos do México seja resolvido. Ameaça que pesou fortemente no sector automóvel empurrando os títulos da General Motors e da Ford para quedas de -4,25% e -2,26% respectivamente, pressionando igualmente o sector dos retalhistas de produtos não essenciais que recuou -1,44%.

Contudo, nem os bons dados económicos que saíram nos EUA sobre os gastos dos consumidores e da inflação foram suficientes para impedir um dia de vermelho carregado, onde apenas os sectores ultra refúgio, como as utilities e imobiliárias escaparam ao vermelho. Uma procura por segurança que foi também visível no mercado cambial e das matérias primas, com o Yen a disparar 1,1% contra a moeda norte-americana para os 108.48, ao passo que o metal precioso adicionou 1,3%  ao seu valor para os 1,304 dólares por onça. Destaque para as yields da dívida dos EUA a 10 anos que continuaram a cair, desta feita para mínimos de quase dois anos nos 2,13%, enquanto que as obrigações soberanas da Alemanha. para a mesma maturidade. atingiram o seu juro mais baixo de sempre nos -0,2%.

Para esta semana o tema da guerra comercial deverá manter-se no topo dos catalisadores do movimento em Wall Street, sendo no entanto de ter em conta os non-farm payrolls que irão sair na sexta-feira.

O gráfico de hoje é do WTI crude, o time-frame é de 1 hora.

O crude norte-americano que perdeu mais de 5% na sexta-feira, quebrou de forma violenta a linha inferior do canal descendente (linhas azuis), o que revela fraqueza adicional do activo.

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