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Metade das empresas na restauração e alojamento apresentaram quebras de 90% na faturação em março

Volvido um ano desde o início da pandemia, 43% das empresas de restauração já efetuaram despedimentos, um valor que reduz para 28% no sector do alojamento turístico.
14 Abril 2021, 11h18

A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) revela que metade das empresas do sector da restauração e do alojamento mostraram quebras de faturação na ordem dos 90% no mês de março, um ano após o início da pandemia. A organização entende que as contínuas quebras para estas empresas representam um “sufoco na tesouraria” e que a situação “impõe claramente a necessidade do reforço das medidas de apoio financeiro e de incentivo ao consumo”.

De acordo com os dados recolhidos pela AHRESP junto de 943 empresas de restauração e alojamento, 52% das empresas do sector da restauração indicaram ter a atividade totalmente encerrada, enquanto 29% deste sector e 17% dos alojamentos ponderam avançar para insolvência “dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade”.

De relembrar que desde o passado dia 5 de abril é permitido aos espaços de restauração terem uma esplanada à porta, alargando também o espaço, desde que cumprindo as regras de distanciamento. Ainda assim, e com a falta do uso de máscara por parte dos clientes, restaurantes que não têm a possibilidade de auferir de esplanada têm receio de não serem autorizados a abrir portas no próximo dia 19 de abril.

Apesar de em menor número, 29% das empresas do sector do alojamento turístico indicam ter a atividade suspensa, sendo que no mês de março 49% não registou ocupação e 28% teve uma ocupação até aos 10%. Ainda que as empresas deste sector se mostrem mais confiantes para abril, os valores não destoam significativamente, com 38% das empresas a estimar uma taxa de ocupação zero e os mesmo 28% a perspetivar uma ocupação máxima de 10%.

Com uma quebra de faturação, 14% das empresas de restauração inquiridas admitiram que não conseguiram efetuar o pagamento dos salários referentes ao mês de março, enquanto outros 14% só realizou os pagamentos parcialmente. No sector do alojamento, 27% das empresas não conseguiram efetuar o pagamento dos salários do mês passados e 6% apenas pagou o salário de forma parcial.

Volvido um ano desde o início da pandemia, 43% das empresas de restauração já efetuaram despedimentos, um valor que reduz para 28% no sector do alojamento turístico. No caso da restauração, 16% reduziram mais de metade dos postos de trabalho que tinham a ser cargo, e 8% admite não conseguir manter todos os postos de trabalho até junho.

Relativamente ao alojamento turístico, 38% das empresas afirma já ter reduzido a sua força de trabalho em mais de metade, e 6% das empresas sustenta que irá ter de reduzir ainda mais postos de trabalho até ao fim de junho.

“É vital que estas medidas sejam efetivamente implementadas, e que as tesourarias das empresas do alojamento turístico e da restauração e similares sejam reforçadas no imediato. Só assim será possível garantir a sustentabilidade destas atividades económicas, que têm um papel determinante na recuperação económica do nosso país”, apontou a organização.

Face ao que considera ser “o período mais difícil de sempre” para estas empresas, a AHRESP defende mais medidas de apoio à liquidez, à capitalização e de proteção do emprego. No apoio à liquidez das empresas, a entidade pede reforço dos apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas, reforço da dotação do programa Apoiar Rendas, prorrogação das moratórias, planos de amortização a longo prazo, apoios para empresas com quebras de faturação iguais ou superiores a 15%, disponibilização de apoios a empresas recentes e aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas.

Para a capitalização, a AHRESP pede um fundo de capitalização de empresas, enquanto para o apoio ao emprego a entidade defende a continuação do lay-off simplificado até ao fim de 2021, a redução para dois escalões no apoio à retoma progressiva e a publicação da regulamentação do novo Incentivo Extraordinário e do Apoio Simplificado. Nas medidas de apoio ao funcionamento, a AHRESP pede uma campanha de dinamização do consumo, um mecanismo único de acesso aos apoios e a contratualização de organismos intermédios para apoio às empresas.

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