Metaverso é uma das palavras de 2021. Não que tenha sido “inventada” este ano, mas porque é cada vez maior a consciência de que poderá levar a uma revolução nas relações sociais, e por consequência económica e até política, isso tornou o conceito mais “mainstream”.
Há cada vez mais investimento a ser feito no desenvolvimento de ambientes, aplicações e conteúdos virtuais. E, há poucas semanas, a empresa que detém o Facebook mudou o nome para “Meta”, precisamente para se tentar posicionar como agente-chave deste movimento.
Não havendo uma definição fechada, podemos pensar no metaverso como universos de realidade virtual em plataformas digitais, nos quais os participantes – reais ou automatizados – se conectam através da internet. São mundos em que cada um pode ter uma entidade (ou mais) completamente desligada da “vida real”.
A discussão pode exatamente começar por aí: em que medida é que o metaverso será menos real do que as nossas outras próprias personas?
Cada vez mais indivíduos, empresas e grupos dão mais importância ao ecossistema digital, onde conseguem gerar valor, desenvolver relacionamentos ou disseminar as suas convicções e rotinas. Em muitos casos, essas “pessoas” do Instagram, Twitter, jogos e outras plataformas já são alter egos, construções individuais ou cocriadas, pelo que a fronteira entre o que é uma coisa e outra já está por demais esbatida.
Os exemplos recentes de arte digital ou de itens para utilização em plataformas digitais, transacionados sob a forma de NFT (non fungible tokens) mostram bem o interesse e o investimento no metaverso. Se juntarmos essa tendência já existente à evolução e imersão tecnológicas, percebemos que é um movimento provavelmente imparável, também acelerado pela pandemia.
Se tudo isto parece inverosímil a prazo, considerar que o metaverso nunca será mais importante do que a vida dita “real”, poderá ser o resultado de um preconceito relativamente ao que consideramos como normalidade e zona de conforto.