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Microsoft, Amazon e Nvidia pedem a Trump que repense restrições de exportação de chips

Empresas temem perder espaço entre aliados para concorrentes chinesas como Huawei
2 Março 2025, 12h59

Empresas de tecnologia com uma avaliação de mercado combinada de mais de oito triliões de dólares pediram que o governo Trump repense as restrições de exportação de chips, e temem que empurrem aliados dos EUA para os braços de concorrentes chineses.

O presidente da Microsoft e o CEO da Amazon disseram em momentos separados no final da semana passada que a equipa de Trump deveria reconsiderar as regras do governo Biden que limitariam a exportação de semicondutores de inteligência artificial para países como Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O apelo deles corroborou um pedido semelhante do CEO da Nvidia.

Num momento em que muitas empresas de tecnologia têm-se mostrado ansiosas para expressar apoio ao presidente Donald Trump e a suas políticas económicas, as declarações mostram que estas também têm grandes pedidos.

Aplicada pelo governo Biden, a chamada regra de difusão de inteligência artificial coloca várias nações no segundo nível de uma categoria de três níveis que restringe a exportação de chips usados em centros de dados para treinar modelos de IA.

O presidente da Microsoft, Brad Smith, disse que a política limitava a exportação de chips de IA para “mercados estrategicamente vitais” e poderia levar esses países a recorrer à China para semicondutores avançados.

“Se não for alterada, a regra de Biden dará à China uma vantagem estratégica na disseminação ao longo do tempo de sua própria tecnologia de IA, ecoando sua rápida ascensão nas redes 5G há uma década”, escreveu Brad Smith num post no blog corporativo da Microsoft nesta quinta.

Horas depois, o CEO da Amazon, Andy Jassy, apresentou um argumento semelhante.

“Não sei como esta administração se sente sobre isso, mas diria que compartilhamos a preocupação de que há limitações em certos países que são aliados naturais dos EUA”, disse Jassy em uma entrevista à Bloomberg Television.

“Eles vão precisar de mais chips, e acho que se não fizermos isso, basicamente vamos ceder esse negócio e esses relacionamentos para outros países, que podem fornecer esses chips”, disse Jassy. “Acho que estamos melhor sendo parceiros deles.”

Trump e sua equipa têm elaborado versões mais rígidas das restrições de semicondutores dos EUA e pressionado aliados-chave a intensificar suas restrições à indústria de chips da China —um sinal de que a Casa Branca está ansiosa para expandir os esforços da era Biden para limitar o poderio tecnológico de Pequim.

A regra, que terá impacto no desenvolvimento de centros de dados em toda parte, do Sudeste Asiático ao Médio Oriente, recebeu duras críticas de empresas como a Nvidia, a principal fabricante mundial de chips avançados de IA.

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, expressou otimismo de que a administração Trump optaria por uma abordagem regulatória mais leve. A Nvidia também está preocupada com o impacto das restrições de exportação em seus negócios na China.

“As vendas de centros de dados na China permaneceram bem abaixo dos níveis vistos no início dos controles de exportação”, disse a diretora financeira Colette Kress numa ligação com analistas na semana passada.

“Na ausência de qualquer mudança nas regras, acreditamos que os embarques para a China permanecerão aproximadamente na percentagem atual.”

Huang disse que a receita da Nvidia na China é metade do que era antes das restrições serem impostas. Mais tarde, disse em entrevista à CNBC que os chips que está autorizado a enviar para a China são 60 vezes menos poderosos do que seus melhores produtos e que a Huawei e outros estão a ganhar terreno.

“É difícil dizer se os controles de exportação são eficazes”, disse.

Por sua vez, a Microsoft opera ou está a construir centros de dados em vários países sujeitos a limites nas exportações de chips, incluindo os Emirados Árabes Unidos, onde a gigante de tecnologia dos EUA está a desenvolver centros de dados de IA em parceria com a G42.

A Amazon também possui um negócio global de computação em nuvem. As duas empresas estão entre os maiores clientes da Nvidia, a principal fabricante dos chips de ponta usados em inteligência artificial.

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