Hoje os consumidores são mais exigentes. Exigem das empresas uma preocupação acrescida com o seu impacto na sociedade, tanto a nível ambiental quanto social. Por sua vez, isso reflete-se a nível do financiamento, com o surgimento dos empréstimos associados a métricas de ESG. Mais do que nunca, pede-se que as empresas reflitam a sociedade.

Ao mesmo tempo, com o incremento das migrações, as sociedades estão a tornar-se mais multiétnicas, multiculturais e multirreligiosas, esta tendência é um facto. De acordo com o Eurostat, 23,7 milhões de pessoas (5,3%) do total de 447,2 milhões de pessoas a viver na União Europeia são cidadãos não Europeus.

São diversas as razões que levam as pessoas a saírem do seu país. Uma delas decorre dos diversos conflitos a nível mundial que forçam as pessoas a abandonarem o seu país. O caso da atual guerra na Ucrânia é exemplo disso, tendo gerado mais 5 milhões de refugiados em apenas dois meses. No entanto, as pessoas refugiadas são apenas a décima parte da população migrante. A busca de melhores condições de vida através do emprego é ainda a maior causa de migração.

Com a perspetiva do aumento das migrações é urgente reconhecer e crucial que as sociedades vejam as migrações como uma oportunidade. Há claros argumentos a nível económico para uma boa gestão e integração das pessoas migrantes no seu novo país e no mercado de trabalho.

Se olharmos para alguns dos principais benefícios que advêm de uma estratégia sólida de Diversidade, Inclusão e Pertença (DEI&P), não é difícil antecipar que investir em projetos de DEI&P deve ser uma prioridade para as empresas. Basta olharmos para o racional económico que suporta esta tese.

1. Lucro De acordo com a Harvard Business Review, empresas com diversidade acima da média apresentam lucros decorrentes de inovação 19% superiores e margens EBIT 9% acima das de empresas com menos diversidade. E numa análise da McKinsey de 2019, as empresas que estão no quartil superior na diversidade cultural e étnica nas suas equipas de gestão tiveram uma performance financeira 36% mais elevada do que as suas pares no quartil inferior.

2. Talento – 76 % dos colaboradores e pessoas à procura de emprego (de acordo com um survey do website Glassdoor) têm em conta a estratégia de diversidade e inclusão na escolha da empresa onde querem trabalhar. A competição pelo talento vai ser ditada pela forma como as empresas tratam os seus recursos humanos e vai ter que ir mais além de um bom pacote financeiro.

3. Reputação Em diversos países está já a ser exigida a publicação de informação relacionada com diversidade e inclusão, como por exemplo a publicação de informação relacionada com a disparidade salarial entre géneros. A oportunidade é considerável para quem conseguir estar na linha da frente.

A fórmula é simples, se os consumidores, os colaboradores e os investidores querem empresas que representam a sociedade e que valorizem a diversidade na sua plenitude, então as empresas vão ter de implementar políticas de diversidade, equidade e pertença de forma a garantir que retém talento, correspondem às exigências dos consumidores e cumprem os requisitos dos investidores.