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Milhões mudam de mãos ao sabor de títulos

O facto da China deter a esmagadora maioria da produção mundial destes metais e os EUA não terem esses recursos, foi um alerta à capacidade que o país asiático têm em vir a controlar o crescimento do principal sector do comércio mundial do futuro. 
  • Simon Dawson/Reuters
22 Maio 2019, 07h45

Ontem, tal como nas últimas semanas, o destino dos muitos milhares de milhões negociados nas bolsas norte-americanas foi decidido pelas linhas dos títulos noticiosos que saíram relativamente ao tema da guerra comercial. Com efeito, depois do catastrofismo relativo à imposição de novas tarifas e da suspensão das relações comerciais de muitas empresas de topo dos EUA, com a Huawei, a permissão por parte do departamento de comércio norte-americano em permitir, por noventa dias, alguma actividade da empresa chinesa com a Google e operadores de telecomunicações, criou de novo uma sensação de alivio, que deu azo a um dia de ganhos praticamente transversais a todos os sectores e com maior expressão nas empresas de tecnologia mais afectadas pelas quedas de segunda-feira, os semicondutores, que arrancaram um ganho de 2.05% no SOXX, ainda assim metade das perdas da sessão anterior.

Nos índices, o Nasdaq liderou a ganhar 1.08%, enquanto que o Dow Jones se ficou pelos 0.77% de subida, não obstante o bom desempenho das empresas não tecnológicas, como a Caterpilar e a Boeing, esta última a beneficiar de uma indicação dada por oficiais autoridade de aviação dos EUA, sobre a possibilidade da queda do 737 MAX de Março, ter ocorrido devido a pássaros e não por falha dos equipamentos do avião. Nos sectores do S&P500 os activos refúgio estiveram claramente mais fracos e as retalhistas de produtos essenciais acabaram mesmo por ser o único grupo no vermelho, numa sessão em que as empresas ligadas às exportações averbaram ganhos acima dos 1%, tal como as energéticas, embora o preço do WTI crude tenha recuado -0.2% para os $62.99 por barril.

Contudo e apesar da flexibilidade demonstrada pelas autoridades norte-americanas é necessário colocar alguma água na fervura, isto porque a decisão foi igualmente derivada para proteger as próprias empresas nacionais, visto que muitos consumidores estariam já a tentar entregar os seus smartphones Huawei aos operadores de telecomunicações locais. Prova disso é que a permissão para a Google continuar a oferecer serviços de actualizações, por exemplo, apenas abrange os smartphones existentes e não os que vão entrar no mercado, esses continuarão a não ter acesso a actualizações nem a serviços como o Google Play, ou seja a “melhoria” é muito relativa, sendo que a retórica de confronto parece não dar tréguas, ontem foi a vez do Presidente Chinês ter dito que o país enfrenta uma nova longa marcha e que têm de começar de novo, indiciando assim que a guerra comercial poderá ser bastante prolongada, tal como indicou Jack Ma, fundador da Alibaba.

Outra demonstração de força foi a visita de Xi Jinping em conjunto com o seu negociador chefe à principal região produtora de metais raros, essenciais para os produtos das novas tecnologias, como por exemplo as baterias. O facto da China deter a esmagadora maioria da produção mundial destes metais e os EUA não terem esses recursos, foi um alerta à capacidade que o país asiático tem em vir a controlar o crescimento do principal sector do comércio mundial do futuro.

O gráfico de hoje é do XLK, o time-frame é Diário

O ETF do sector tecnológico quebrou em baixa o canal ascendente (linhas azuis) que o catapultou para novos máximos em Abril, pelo que não é de esperar para já o mesmo ímpeto, caso ocorram novas subidas.

 

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