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Ministra espanhola propõe ‘herança universal’ de 20 mil euros para todos os jovens

Yolanda Díaz diz que a verba serviria para pagar os estudos ou um negócio pessoal e seria financiada por uma taxa sobre os maiores rendimentos. A poucos dias das eleições antecipadas, a proposta tinha de ser mal recebida.
6 Julho 2023, 12h16

A ministra do Trabalho da Espanha, Yolanda Díaz, propôs um esquema para combater a desigualdade social, dando a cada jovem do país 20 mil euros para serem gastos em estudo e formação ou na criação de um negócio pessoal quando completarem 18 anos.

De acordo com a plataforma Sumar, o novo partido de Díaz – que está a ocupar cada vez mais o espaço do Podemos – a proposta, dada a conhecer a poucos dias das eleições antecipadas de 23 de julho, custaria dez mil milhões de euros, que seriam financiados com um novo imposto sobre as grandes fortunas.

O Sumar explicou que o objetivo é garantir “igualdade de oportunidades”, independentemente da origem familiar ou dos rendimentos. Os pagamentos, que começariam aos 18 anos e seguiriam até os 23 anos, seriam acompanhados de apoio administrativo para ajudar os jovens a lidar com o financiamento.

“Trata-se de permitir que os jovens tenham um futuro e dar-lhes a oportunidade de estudar ou começar um negócio sem que isso dependa dos seus sobrenomes ou da família de onde são”, disse a ministra, citada pela imprensa, num encontro de correspondentes estrangeiros sediados em Madrid.

Díaz confirmou que esta medida – a que chamou ‘herança universal’ – estaria disponível para todos os jovens espanhóis, independentemente das suas circunstâncias económicas. Os jornais recordam que a ministra, criada numa família fortemente comunista, não conseguiu seguir o seu próprio sonho de se tornar inspetora do Trabalho porque não havia dinheiro suficiente para passar vários anos a estudar.

“Tornar-me inspetora do Trabalho em Espanha levaria cerca de cinco anos”, disse. “Não sou fiscal do Trabalho porque sou filha de pais da classe trabalhadora e nunca poderia permitir-me fazer isso. Esta é uma medida redistributiva que permitirá aos jovens do nosso país ter um futuro independentemente do seu apelido”.

A proposta do Sumar levantou reservas em ambos os lados do espectro político espanhol. Nadia Calviño, ministra da Economia do governo de coligação, liderado pelos socialistas, já questionou como a medida funcionaria na prática.

“Qualquer pessoa que se proponha a dar subsídios ou subvenções sem qualquer tipo de restrição quando se trata de níveis de rendimento precisa de explicar como seria financiado, porque teremos que continuar com uma política fiscal responsável nos próximos anos”, disse Calviño.

O conservador Partido Popular (PP), líder da oposição e das sondagens, acusou o Sumar de ter prioridades erradas e sugeriu que o governo se concentre noutros problemas, num país onde “27% da população está em risco de exclusão social, onde a taxa de desemprego é a mais alta da Europa, onde as famílias não conseguem chegar ao fim do mês e onde os trabalhadores independentes estão a lutar para se manterem à tona”.

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