Por vezes, o PCP tem razão, como quando diz que interessam mais as políticas do que os ministros, porque estes são os rostos e as ferramentas da concretização das ideias e dos programas. É verdade que de vez em quando se muda um titular por outro, até dentro do mesmo partido, e se segue por um caminho completamente diferente, como se o mapa da governação setorial se tivesse perdido na pasta de transição.

Na Saúde, o problema raramente tem sido a pessoa, ainda que por vezes os responsáveis pelo ministério tenham ajudado a agudizar o problema. A visão de curto prazo, o populismo (lembram-se das 35 horas?), ideologia, o receio da transformação e uma gestão ineficiente trouxeram-nos aqui e não é um titular que vai mudar tudo. Perguntem a António Costa, que manteve Marta Temido na pasta até ao último minuto, já com escalas rotativas para a abertura de urgências, a contestação lançada e delapidada boa parte do goodwill da pandemia. Só saiu quando não aguentou mais.

Não há varinha mágica que resolva de forma rápida este histórico de erros acumulados na Saúde, dando de barato que se sabe qual o caminho a seguir para o resolver. Se faltam médicos, não vão aparecer do nada, têm de ser formados. Devíamos ter antecipado que isso aconteceria, mas não o fizemos. É um exemplo.

Um ano depois, Luís Montenegro já percebeu que o problema não se resolve em seis meses, com um qualquer plano de emergência. Já todos o percebemos. Tem agora uma maior possibilidade de construir uma solução que se veja em quatro anos, mas que devolva os serviços a um padrão mínimo, que o que existe é inaceitável.

Talvez recuperar César das Neves, que dizia que o problema de alguns ministérios é que eram geridos para si próprios, não para quem deveria beneficiar dos serviços.