Joaquim Miranda Sarmento, presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD, explicou esta noite por que razões considera ser “fundamental” para a alteração estrutural da economia portuguesa que sejam criados “dois ou três grandes projetos industriais” como a Autoeuropa e alertou para o perigo de fundos europeus sejam canalizados para os erros do passado que se cometeram no investimento público.
Na conferência online do Conselho Estratégico Nacional do PSD que abordou o tema do “Investimento Público no Pós-Crise”, o especialista em finanças e conselheiro de Rui Rio explicou as três razões que levaram o PSD a defender a criação de mais projetos industriais da dimensão da Autoeuropa no programa económico.
“É absolutamente fundamental para Portugal trazer dois ou três grandes projetos industriais. Um projeto industrial como a Autoeuropa traz três coisas. Primeiro, dimensão. A Autoeuropa representa cerca de 1% do PIB, é o segundo ou terceiro maior exportador nacional e emprega quatro mil pessoas. Só pela própria dimensão, três projetos destes tinham por si só um peso significativo”, referiu Joaquim Miranda Sarmento.
Em segundo lugar, argumentou, um projeto destes cria mais produção porque “permite criar uma fieira de negócio nomeadamente nos fornecedores desse grande projeto”.
“Portugal tem hoje uma posição significativa na indústria de componentes automóveis muito graças à Autoreupa e um conjunto de fornecedores da Autoeuropa que foram criados e que foram começados por fornecer aquele projeto, mas que hoje, pelo nível de exigência daquele cliente, fornecem vários clientes a nível mundial”, adiantou o presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD.
“A terceira razão é que dão uma mudança muito significativa de escala e de eficiência”, disse.
Em relação ao contexto atual, numa altura em que a União Europeia se prepara para encetar as negociações sobre o Fundo de Recuperação, Joaquim Miranda Sarmento mostrou-se preocupado com a utilização que Portugal lhes poderá dar.
“Preocupa-se que a resposta europeia seja canalizada para os erros do passado, como as grandes obras públicas, que depois deixam custos elevados para as décadas seguintes”, alertou o especialista em finanças.
No passado, o economista explicou que houve um grande investimento público nas autoestradas, fazendo com que Portugal seja o “segundo ou o terceiro país do mundo com maior rede de autoestradas”. Sucede que, algumas delas estão “sem tráfego suficiente para um perfil de autoestrada, que são cerca de 12 mil veículos por dia”.
“Nos últimos 2o anos, a estagnação económica associa-se muito a más decisões de investimento”, um problema que o economista não quer ver replicado.
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