Alterações climáticas, transição energética, descarbonização, mobilidade e custos nas deslocações. Eis os temas desta silly season que, em comum, têm subentendida a palavra energia, que a guerra na Europa tornou extraordinariamente cara. E nos pensamentos deste verão está o futuro próximo e daquilo que só se faz com energia, ou seja, a mobilidade.

Estamos todos a ser afetados pela crise energética, pela necessidade de substituir as nossas fontes de abastecimento e, ao mesmo tempo, queremos manter o estilo de vida em que consumimos desbragadamente.

Não bastou termos cuidado com as lâmpadas acesas e com a substituição das mesmas por tecnologia LED de última geração, que já foi um investimento grande para uma família típica. Não. A mobilidade para poupar energia significa alterações no comportamento no trabalho, com menos deslocações e mais teletrabalho, transportes públicos eficientes e não poluentes em detrimento do veículo particular, e deslocações estritamente necessárias.

Isso significa menos viagens em férias, menos transporte em automóvel e, sobretudo, menos transporte aéreo – o que quer dizer que, possivelmente, teremos excesso de aeroportos. Depois é estudar energias alternativas baratas, e essas ainda não existem, e esperar que o investimento que agora fazemos na mobilidade elétrica ou eletrificada não fique obsoleta dentro de muito pouco tempo.

Preocupa-me que grandes empresas como a Simoldes anunciem muitos milhões de euros de investimento para criar uma alternativa ao lítio (fonte “Jornal de Negócios”), pois tal significa que o nosso investimento atual em carros elétricos com as atuais baterias estará rapidamente ultrapassado.

Depois temos todo o modelo construtivo com a economia circular que impacta nas nossas vidas, assim como os alimentos, que terão de ser menos consumidores de água, enquanto a nossa paisagem vai sofrendo com a subida de temperaturas e a desertificação. Os incêndios vai assolando o país e todos os anos há concelhos mais sacrificados.

Não vale a pena pensar que os outros países têm o mesmo problema, porque aquilo para onde temos de olhar é para dentro de casa. Estes são os pensamentos do momento, de quem descansa e procura estar informado. Claro que não vale a pena cometer ilegalidade, como alguns grupos que aparecem para danificar viaturas com o argumento de que são poluentes. Esses mesmos marginais que vão aparecendo um pouco por todas as cidades europeias também respiram e esse simples ato gera poluição.

O mundo tem metas para atingir, nomeadamente no ano de 2050, i.e. dentro de 28 anos, quando se pretende atingir o fim integral das emissões de CO2. Mas temos uma guerra a decorrer, uma crise energética, e estamos às portas de um novo inverno e sem energia barata para fábricas e habittações.

O que fazer? Os governos estão a prolongar a vida de centrais nucleares, assim como unidades de produção energética movidas a carvão, enquanto o crude continua em alta. E só não aumenta ainda mais de preço porque o mundo espera uma redução acentuada do crescimento económico, e até uma recessão em países ocidentais.

Há quem lhe chame o advento de uma nova ordem mundial. A verdade é que estamos perante um retrocesso civilizacional com as sequelas que derivam do confronto das três grandes potências do momento. Não há entendimentos entre os dirigentes políticos, nem como governar dentro do statu quo.

Isto, repetimos, não é uma nova Ordem Mundial mas um retrocesso nos objetivos climáticos, o maior problema da humanidade com repercussões no sistema alimentar, nos abastecimentos e na saúde. É a silly season e os pensamentos são redutores!