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Moçambique: Corte de financiamento internacional obriga a austeridade até meados da próxima década

A economia moçambicana cresceu 3,8% no ano passado, uma das taxas mais baixas das últimas duas décadas, que deverá manter-se este ano. O investimento de capital caiu pelo segundo ano consecutivo no ano passado, apenas parcialmente compensado pelo aumento das exportações.
17 Março 2019, 09h27

O analista da agência de informação financeira Bloomberg Mark Bohlund considerou hoje que o corte de financiamento internacional a Moçambique vai obrigar o Governo a seguir uma política de austeridade até meados da próxima década.

“Antevemos que o financiamento externo continue baixo a médio prazo, obrigando as autoridades moçambicanas a imprimirem uma política fiscal relativamente apertada até que as receitas do gás natural se concretizem, em meados da próxima década”, escreve o economista e analista da Bloomberg Intelligence Mark Bohlund.

Numa análise à economia de Moçambique, divulgada por esta agência de informação financeira, lê-se que “os países doadores provavelmente vão continuar a financiar ajuda a projetos independentemente do orçamento governamental no curto prazo”, mas, alerta, “a médio prazo, a ajuda externa provavelmente será redirecionada para países com menores recursos naturais”, principalmente no caso europeu, “cuja ajuda deverá ser canalizada para países mais a norte” no continente.

As perspetivas económicas de Moçambique, defende este economista na análise ao país, “vão depender do nível de receitas do setor energético que são investidas na educação e na infraestrutura” e no grau de abertura e cooperação o país vai dar à investigação judicial em curso sobre o caso das ‘dívidas ocultas’.

“O escândalo da Ematum pode vir a ser uma bênção disfarçada se significar menos corrupção e melhor governação”, escreve o economista, salientando que “o grau de cooperação das autoridades com o Departamento de Justiça norte-americano vai ser visto pelos investidores como uma medida sobre se a governação está ou não a melhorar”.

Se as autoridades forem “transparentes e cumpridoras durante o caso, isso pode indicar progressos na governação, o que, por seu turno, pode significar que consegue evitar a ‘maldição dos recursos’ que outros países na África subsaariana tiveram”, conclui o analista.

A economia moçambicana cresceu 3,8% no ano passado, uma das taxas mais baixas das últimas duas décadas, que deverá manter-se este ano “já que a indústria mineira aproxima-se do pico da produção e a política orçamental continua restritiva, mas os investimentos no setor energético ao largo da costa do país devem fazer a economia recuperar a partir de 2020”, lê-se na nota.

O investimento de capital caiu pelo segundo ano consecutivo em 2018, o que só foi parcialmente compensado pelo aumento das exportações, mas ainda assim o crescimento económico deve ultrapassar os 4% já a partir de 2020, alicerçado nos investimentos nos megaprojetos energéticos, conclui o economista.

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