Em 2017, mais de um sétimo da população mundial vivia na China e, nos últimos setenta anos, os Estados Unidos têm a maior economia mundial. Com estes números, é natural que o impacto que estes dois ‘gigantes’ têm na sustentabilidade seja mais acentuado que o de países mais pequenos, como Portugal.
No entanto, segundo Mohan Munasinghe, são estes países que podem dar o exemplo sobre o progresso sustentável. “Portugal é um país pequeno, mas são exatamente os países de menor e de média dimensão que podem contribuir mais para o progresso sustentável, dando exemplo [aos países de maior de dimensão]”, como os EUA ou a China, referiu o professor, natural do Sri Lanka, e Nobel da Paz em 2007, um prémio que partilhou com o norte-americano Al Gore.
A tecnologia desempenha um papel importante na troca de informação e de exemplos de práticas sustentáveis entre os países do mundo. Assim, as distâncias entre os países não assustam o professor.
“A tecnologia consegue ‘saltar’ grandes distâncias e permite juntar informação”, disse Musaninghe. “As pessoas que vivem numa cidade da China podem seguir o exemplo [de sustentabilidade] do que se faz numa cidade” noutro país.
Mas o Nobel da Paz alertou que a utilização disseminada da tecnologia encerra um “problema severo” para o tema da sustentabilidade e, dentro dele, das alterações climáticas: as fake news.
“Eu trabalho há muito tempo numa agência que representa 99% dos cientistas que acreditam nas alterações climáticas. E 1% dos cientistas não acreditam nas alterações climáticas. Mas na comunicação social [internacional], os dois lados têm o mesmo peso”, frisou Munasinghe.
Este foi apenas um dos muitos temas abordados por Mohan Munasinghe, o orador convidado da conferência “O Mundo depois das Alterações Climáticas”, promovido pelo Jornal Económico e pelo Grupo Bel, que se realizou esta manhã em Lisboa.
Para o professor do Sri Lanka, é necessário fazer reformas estruturantes na sociedade, incluindo o sistema financeiro. Neste sentido, “os investimentos na área da sustentabilidade são extremamente importantes à escala global”, começou por referir Munasinghe. “Por exemplo, tornar os métodos de produção mais eficientes: imaginem a diferença que faria produzir com apenas 25% dos recursos que são utilizados”, frisou.
Mas o Nobel da Paz não acredita numa alteração comportamental que venha de dentro do sistema financeiro – será a sociedade civil a fazê-la.
“Quando os consumidores pedem sustentabilidade, os produtores vão adaptar-se. Existem muitas formas para influenciar e, se os consumidores se tornarem mais sustentáveis, o sistema segui-los-á”, defendeu Munasinghe.
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