A história da Revolução Industrial é, na sua essência, uma história sobre controlo de processo sobre como fazer coisas com cada vez maior precisão em cada vez menor quantidade de tempo. Foi essa perspetiva de escala que, no início do século XX, ajudou Henry Ford a colocar um carro preto em todas as oficinas e que, no século XXI, em 2017, permitiu que a IBM Research descobrisse uma forma de armazenar um bit de informação digital num único átomo, uma densidade que, em tese, permitiria o armazenamento de todo o catálogo musical de 26 milhões de músicas da Apple num dispositivo do tamanho de uma moeda. Permitiu também que investigadores da Universidade Durham, no Reino Unido, usassem moléculas motorizadas ativadas pela luz para perfurar células cancerígenas, destruindo-as em 60 segundos.
Há, num horizonte temporal próximo, uma grande variedade de moléculas e sistemas complexos cujas características poderão originar alterações à respetiva estrutura e comportamento em resposta à luz, a campos eletromagnéticos, ao pH ou a outros estímulos. Estes materiais podem por exemplo ajudar a prolongar a vida das baterias, tornar células fotovoltaicas mais eficientes e dessalinizar a água. Materiais auto-recuperáveis poderão prolongar a vida útil dos produtos, desviando-os do fluxo de resíduos ou de desperdício.
Apesar da maioria das pessoas não se ter apercebido desta nova Revolução Industrial, ela é a base do que os escritores Christopher Meyer e Stan Davis chamam de economia molecular, construída sobre a nossa capacidade crescente de ver e manipular a matéria à escala de um nanómetro (o equivalente a um bilionésimo de metro, cerca de 7.000 vezes menos do que um glóbulo vermelho). Nesta revolução, sistemas físicos, digitais e biológicos convergem para criar processos de produção limpos, eficientes e distribuídos.
A promessa da nanotecnologia desafia os atuais paradigmas da manufatura, pois a partir desta escala toda a manufatura pode ser feita de forma mais eficiente: mais forte, mais leve, mais barata, mais fácil de reciclar. A visão de longo prazo sugere que uma nova economia – molecular – surgirá uma com um impacto tão grande quanto qualquer das anteriores revoluções alimentadas pela tecnologia.