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Moody’s alerta que processo com o Estado torna OPA da CTG “mais crítica” para a EDP

Na quinta-feira passada, a elétrica reviu em baixa para entre 500 e 600 milhões de euros a expectativa de resultado líquido do grupo em 2018 e decidiu processar o Estado.
Cristina Bernardo
1 Outubro 2018, 16h56

A oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges à EDP poderá ter aumentado de importância devido ao processo em curso com o Estado português, segundo a Moody’s. A agência de notação financeira alertou, esta segunda-feira, que “a suposta sobrecompensação é negativa para o crédito” da EDP e que tanto a “oferta da CTG como a estratégia de longo prazo são mais críticas”.

A empresa reviu, na quinta-feira passada, em baixa a expetativa de resultado líquido do grupo em 2018, para entre 500 e 600 milhões de euros. O montante compara com os 800 milhões de euros antes estimados e a quebra foi justificada pela EDP por “medidas adversas” tomadas pelo Estado português.

O grupo liderado por António Mexia explicou que recebeu uma notificação que determina o pagamento de 285 milhões de euros por alegada sobrecompensação pela disponibilidade das centrais. Não alterou a política de dividendos aos acionistas, mas decidiu avançar com um processo num tribunal arbitral internacional, devido às alterações nas regras dos CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual).

“A provisão de 285 milhões de euros é negativa para a EDP já que resulta numa saída de caixa associada. 285 milhões de euros representam menos de 2% da dívida líquida do grupo (ajustada pela Moody’s) de 15,5 mil milhões de euros a 31 de dezembro de 2017”, refere a Moody’s, num relatório publicado esta segunda-feira.

Dada a natureza não recorrente da provisão e o seu impacto financeiro moderado, a Moody’s antecipa que a EDP continue a conseguir rácios de fundos de operações e retenção de fluxo de caixa face à dívida líquida abaixo dos dois dígitos, em termos percentuais . “A curto e médio prazo, é consistente com o nível de rating Baa3 existente”, disse a agência.

“A mais longo prazo, no entanto, o perfil de crédito da EDP será provavelmente influenciado pelo sucesso, ou não, da oferta pública da China Three Gorges Corporation (CTG, A1 estável) ao capital social da EDP, que ainda não se concretizou. Se bem sucedida, a oferta da CTG poderá ser positiva para o perfil de crédito da EDP”, acrescentou.

As ações da EDP têm sido castigadas desde o profit warning: na sexta-feira tombaram 3,32% e esta segunda-feira recuaram 1,83%. A cotação desceu, assim, para os 3,12 euros por ação, muito próximo do valor a que negociavam a 11 de maio, quando a estatal chinesa lançou a OPA, com uma contrapartida de 3,26 euros por ação. No período interino, chegaram a tocar nos 3,541 euros, a 2 de agosto.

[Notícia atualizada às 17h49]

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