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Moody’s atribui ao Crédito Agrícola o mesmo rating de suporte acionista da CGD

Crédito Agrícola recebeu uma notação de risco da agência Moody’s de nível “Ba1” (lixo) em relação ao Baseline Credit Assessment (BCA), naquele que é o primeiro rating atribuído à instituição liderada por Licínio Pina. A classificação é igual à da CGD neste rating. Os bancos com melhor rating são o Santander e o BPI e os piores o Montepio e Novo Banco.
28 Julho 2021, 16h11

Pela primeira vez esta semana o Crédito Agrícola recebeu uma notação de rating e é da Moody’s. A Caixa Central de Crédito Agrícola recebeu a notação de rating (Baseline Credit Assessment ou BCA) de nível Ba1. Rating que ainda está no patamar considerado “lixo”.

O rating BCA corresponde ao perfil intrínseco de risco de crédito (‘Baseline Credit Assessment’), ou seja à força intrínseca do banco, sem a perspetiva de qualquer apoio de acionistas ou do Estado.

Para além do BCA, também o Long Term Deposit Rating e Counterparty Risk Ratings terão de ser considerados como referências para a emissão de divida que se pretende elegível para MREL, que o Crédito Agrícola se prepara para fazer.

O rating que a Moody’s atribuiu ao Grupo Crédito Agrícola é o mesmo que a agência atribuiu à Caixa Geral de Depósitos, quer ao nível da notação de rating (Baseline Credit Assessment) – ba1 – quer ao nível do rating de depósitos de longo prazo.

A Moody’s atribui o mesmo rating aos dois bancos no que toca ao Long Term Deposit Rating (dos depósitos de longo prazo) que quer para a Caixa Agrícola, quer para a CGD é de Baa3 (grau de investimento). O outlook de ambas as instituições é, segundo a Moody’s estável.

Isto significa que ambos os bancos estão na categoria investment grade (grau de investimento) no que toca à classificação do risco dos depósitos de longo prazo, mas ainda não saíram do grau especulativo no que toca ao perfil intrínseco de risco de crédito (‘Baseline Credit Assessment’).

O que difere é o rating da dívida sénior de longo prazo, que é o relevante no que toca ao rating dos bancos, porque avalia o seu risco como emissor de longo prazo. Recorde-se que a Moody’s subiu o rating da dívida de longo prazo da Caixa Geral de Depósitos para ‘investment grade’ (grau de investimento), o que é uma revelação para o banco liderado por Paulo Moita de Macedo já que demorou 10 anos até a CGD voltar a ser ‘investment grade’ pela Moody’s, sendo que a recapitalização terminou em 2018, e só passados três anos e com a conclusão do Plano Estratégico, a Moody’s alterou o rating de emissor de longo prazo para um nível de investimento.

A Moody’s Investor Service subiu em um nível o rating de dívida sénior de longo prazo da CGD de Ba1 para Baa3 e da dívida sénior de curto-prazo, incluindo Comercial Paper, de Not Prime para o nível P-3. O outlook (perspetiva) foi mantido em Stable (estável). Em simultâneo, o rating de dívida sénior não preferencial de longo prazo da CGD subiu igualmente em um nível de Ba2 para Ba1.

Ao grupo Crédito Agrícola não foi atribuído nenhum rating de emissor de dívida sénior de longo prazo.

Segundo o banco liderado por Licínio Pina, a notação de BCA da Moody’s reflete a opinião de crédito em relação ao Grupo Crédito Agrícola que incorpora o mecanismo de solidariedade prevalecente entre as entidades que o constituem, designadamente as Caixas de Crédito Agrícola e Caixa Central.

A Moody’s diz no seu comunicado que a perspectiva (outlook) atribuída é estável, e que estas notações e avaliações refletem o papel fundamental da Caixa Central no seio do Grupo Crédito Agrícola (GCA), que é constituído por uma rede de bancos cooperativos e comporta um mecanismo de solidariedade consagrado na lei. “A ação de rating reflete principalmente a visão da Moody’s sobre a qualidade de crédito da GCA, com a Caixa Central a atuar como a tesouraria do grupo e única entidade emissora de dívida”, revela a agência de rating.

A obtenção de rating é uma condição essencial para poder emitir no mercado dívida elegível para MREL (passivo “bail-inável”).

A Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo está a preparar uma emissão de obrigações subordinadas para cumprir com o MREL – Mecanismo de Resolução (Minimum Requirements for Own Funds and Eligible Liabilities), isto é, obrigações que são as primeiras a responder à capitalização (a ser perdidas) em caso de Resolução e que passaram a ser exigidas pela legislação bancária europeia.

Questionado o Grupo Crédito Agrícola se esta notação permite avançar já este ano com uma emissão de dívida MREL e de que dimensão será a emissão, fonte oficial do grupo respondeu que “a obtenção de rating pela Caixa Central, constitui um marco importante no acesso a mercados institucionais e permitirá considerar a emissão de instrumentos elegíveis para os requisitos MREL a preços mais competitivos”.

“O Grupo avaliará as condições de mercado e procurará criar as condições para o cumprimento dos requisitos MREL sempre com uma margem de conforto face à data vinculativa e montantes necessários, por forma a não limitar o crescimento do negócio do Grupo Crédito Agrícola”, acrescenta o grupo bancário.

Santander Totta e BPI com melhores ratings do mercado

No que toca ao perfil intrínseco de risco de crédito (‘Baseline Credit Assessment’) os dois melhores bancos, segundo a Moody’s, são o Banco Santander Totta e o BPI, ambos suportados pelas suas casas mãe, Santander e CaixaBank, respectivamente.

Mas enquanto emissores de dívida de longo prazo, a Moody’s atribui a mesma classificação (primeiro nível de investment grade) quer ao Santander Totta, quer ao BPI, quer à CGD – Baa3.

Os piores em termos de rating de dívida sénior de longo prazo são o Banco Montepio (Caa1) e o Novo Banco (Caa2), o que significa que a dívida destes dois bancos tem mais risco.

O BCP surge aqui com uma classificação de lixo (Ba1), patamar que fica a um passo da passagem para investment grade (grau de investimento).

Já no que toca à classificação do Baseline Credit Assessment (BCA) o BCP surge com rating Ba2, categoria lixo e abaixo do Crédito Agrícola. Este rating mede a força acionista de suporte da instituição.

Neste rating o pior volta a ser o Novo Banco com uma notação de Caa1. Imediatamente antes surge o Banco Montepio com um rating BCA de b3.

Comparando os ratings dos depósitos de longo prazo, o Santander e o BPI voltam a ter a melhor classificação com uma notação de Baa1 (grau de investimento). Seguem-se a CGD, a Caixa Agrícola e o Millennium BCP com Baa3 (grau de investimento).

No nível lixo, aqui surgem mais uma vez o Banco Montepio (B1) e o Novo Banco (B2).

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