“O fardo da dívida pública para a maioria dos países da África subsaariana vai estabilizar num nível substancialmente mais elevado em 2021, com a média da dívida da região a ficar nos 64% a curto e médio prazo”, disse o vice-presidente da agência de ‘rating’ Moody’s, Kelvin Dalrymple.
Num comunicado enviado à Lusa, que acompanha a divulgação de um relatório que pormenoriza a opinião da Moody’s sobre os desafios desta região, o responsável acrescenta: “Não esperamos que os níveis de dívida desçam no futuro previsível, já que a capacidade de gerar receitas continua fraca, e estes volumes mais elevados de dívida, a menor receita governamental e os custos mais elevados dos juros vão colocar ainda mais desafios à sustentabilidade da dívida”.
“Níveis mais elevados e menor capacidade de pagar a dívida, e menos almofadas financeiras colocam desafios significativos aos países da região, dada a sua limitada capacidade institucional”, refere o comunicado.
A Moody’s antecipa que a recuperação vai ser desigual, variando entre as subregiões.
“A recuperação na região será lenta, com implicações abrangentes para a já reduzida capacidade de gerar receita”, alertam os analistas, notando que a combinação de baixo crescimento económico e elevada despesa pública “vai originar défices mais elevados e dívidas mais pesadas na região”.
Para além da questão da dívida, essencial para financiar o desenvolvimento e a recuperação das economias africanas, a Moody’s salienta também que estes países enfrentam “desafios abrangentes institucionais e de governação que limitam a sua capacidade para combater a pandemia, que desencadeou mais desemprego e maiores desigualdades nos rendimentos que vão provavelmente aumentar os riscos sociais em vários países”.
Para a Moody’s, as economias mais concentradas e as exportadoras de energia “vão recuperar a um ritmo mais lento devido aos baixos preços energéticos”, o mesmo acontecendo com as ligadas ao turismo, ao passo que as economias exportadores de produtos não energéticos na África Oriental vão continuar a ser as mais dinâmicas.
O continente africano regista atualmente 76.762 mortes devido à covid-19, num total de 3,1 milhões de casos nos 55 Estados-membros da União Africana, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças desta organização (Africa CDC).
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