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Moody’s melhora rating de seis bancos portugueses

A Moody’s realizou hoje ações de rating em seis grupos bancários portugueses – CGD, BCP, Santander, Novo Banco, BPI e Crédito Agrícola. A agência elevou as classificações de depósito de longo prazo de quatro bancos e a classificação de dívida sénior sem garantia (unsecured) de um banco. Também mudou a perspectiva dos ratings de depósito de longo prazo de três bancos e dos ratings de dívida sénior não garantida de um banco.
  • Cristina Bernardo
21 Setembro 2021, 11h36

A Moody’s Investors Service realizou hoje ações de rating em seis grupos bancários portugueses – CGD, BCP, Santander, Novo Banco, BPI e Crédito Agrícola.

A agência elevou as classificações de depósito de longo prazo de quatro bancos e a classificação de dívida sénior sem garantia (unsecured) de um banco.

Também melhorou a Avaliação de Risco de Contraparte (CRR) de longo prazo de três bancos e a Avaliação de Risco de Contraparte (CR) de três bancos.

Ao mesmo tempo, a agência de classificação atualizou o Baseline Credit Assessment (BCA) de um banco e confirmou os BCAs de três outros.

A Moody’s também mudou a perspectiva (outlook) dos ratings de depósito de longo prazo de três bancos e dos ratings de dívida sénior não garantida de um banco.

As ações de rating de hoje motivadas pela subida do rating dos títulos do Governo de Baa3 para Baa2 em 17 de setembro de 2021.

Caixa Geral de Depósitos

A Moody’s subiu em um nível o rating de dívida sénior de longo prazo da Caixa Geral de Depósitos de Baa3 para Baa2 e da dívida sénior de curto-prazo, incluindo Comercial Paper, de P-3 para o nível P-2.  O outlook (perpspetiva) foi mantido em Stable (estável).

Em simultâneo, o rating de dívida sénior não preferencial de longo prazo da CGD subiu igualmente em um nível de Ba1 para Baa3, elevando esta tipologia de dívida à categoria de investment grade. Saiu assim da categoria “lixo” a dívida não preferencial.

Os ratings, de longo e curto prazo, dos depósitos foram elevados para Baa2 e P-2, respetivamente, nível idêntico ao da República de Portugal.

A Moody’s explica que ao elevar o Baseline Credit Assessment (BCA) da CGD de ba1 para baa3, a Moody’s considerou o sucesso do banco na concretização do seu plano estratégico 2017-2020, e que está refletido nos seus rácios de capital e na melhor qualidade de ativos.

BCP

Também subiu um grau os ratings de depósito do BCP de Baa3/Prime-3 para Baa2/Prime-2, o que foi impulsionado pela subida recente do rating de Portugal. Em particular, esta subida e a confirmação dos ratings da dívida sénior sem garantia (unsecured) de Ba1 refletem a confirmação do rating BCA (Perfil de Risco de Crédito Individual) e do BCA Ajustado em ba2; a análise avançada LGF (análise de Perdas em Caso de Colapso), que resulta num aumento inalterado de dois níveis para depósitos e nenhum aumento para a dívida sénior sem garantia; e as premissas de suporte governamental moderado que se mantém inalteradas para o BCP, como o segundo maior banco de Portugal.

“O BCA de ba2 do BCP reflete a melhoria dos indicadores de risco dos ativos do banco, apesar de ainda continuarem fracos, e os seus rácios de capital modestos”, diz a agência. O rácio de morosidade (NPL) do banco situou-se em 5,2% no final de junho de 2021 (abaixo dos 7% um ano antes) e o seu rácio de capital CET1 em 11,6%, abaixo dos 12,1% um ano antes.

O perfil de risco do BCP também está condicionado pelos antigos empréstimos hipotecários em francos suíços na carteira da sua subsidiária polaca (cerca de 5% da carteira de crédito bruto consolidado do BCP em junho de 2021), “o que ainda expõe o banco a riscos legais e enfraquecerá ainda mais a já fraca rentabilidade (lucros) do BCP em 2021”, alerta a agência. A Moody’s elogiou, por sua vez, a contínua desalavancagem do balanço do banco.

A perspectiva sobre os ratings de depósito de longo prazo e da dívida sénior sem garantia do BCP permanece estável, refletindo a visão da Moody’s de que a qualidade de crédito do banco será estável ao longo do horizonte de perspectiva. A perspectiva atual já incorpora a expectativa da Moody’s de que o BCP continuará a emitir dívida com capacidade  para atender aos requisitos do MREL.

Santander Totta

A Moody´s também subiu o rating dos depósito de longo prazo do Banco Santander Totta um degrau  de Baa1 para A3. De acordo com a metodologia da Moody’s, o rating de depósito de um banco normalmente não excederá o rating soberano em mais de dois degraus.

Os ratings de depósito de longo prazo do Santander Totta de A3 refletem a classificação BCA (Perfil de Risco de Crédito Individual) do banco que é de baa3; a alta probabilidade de suporte da casa mãe, o Banco Santander (Espanha)  e o resultado da análise avançada LGF da Moody’s que leva à subida adicional de dois níveis nos ratings de depósito. A Moody’s atribui uma baixa probabilidade de suporte governamental para o Santander Totta.

Novo Banco

A Moody’s confirmou os ratings de depósito de longo prazo do Novo Banco em B2 e os seus ratings de dívida sénior unsecured em Caa2. O que reflete a confirmação do BCA (perfil de risco individual) do banco em caa1; o resultado do Moody’s Advanced LGF (a análise avançada de Perdas em Caso de Colapso), que resultou na subida de dois graus (notch) para os ratings de depósito e na descida de um notch do BCA para os ratings de dívida sénior sem garantia; e ainda a premissa da Moody’s de uma probabilidade baixa de suporte do governo, o que explica que não tenha havido nenhum aumento adicional de rating.

O rating BCA do Novo Banco de caa1 reflete os desafios de solvabilidade do banco, com um nível decrescente, mas ainda elevado, de ativos com imparidade. O rácio de NPL situou-se em 8,8% no final de junho de 2021 face aos 11,4% um ano antes.

Essa classificação de rating também reflete os rácios de capital fracos que foram mantidos acima dos limites regulamentares graças ao mecanismo de suporte de capital do Fundo de Resolução em vigor desde 2017.

O rácio CET1 (fully loaded) do banco situou-se em 9,7% no final de junho de 2021, o que é “modesto” segundo a agência. O BCA do Novo Banco também reflete os seus fracos níveis de rentabilidade, embora a Moody’s espere que o banco consiga regressar aos lucros após a reestruturação das suas operações e após a redução continuada do risco de seu balanço patrimonial.

A perspectiva sobre os ratings de depósito de longo prazo e dívida sénior sem garantia do Novo Banco foi alterada de estável para positiva para refletir a avaliação da Moody’s de que o atual contexto negativo será descontinuado desde que o Novo Banco continue a cumprir os seus objectivos financeiros, desde que confirme o seu regresso à rendibilidade e comprove a existência de uma marca sustentável ao longo do período das perspectivas, mantendo uma maior visibilidade da sua estratégia financeira. A Moody’s também observa que, se os objetivos forem atingidos, isso poderia levar a uma subida em vários níveis dos ratings do Novo Banco.

BPI

A Moody’s também melhorou o rating dos depósitos de longo prazo do Banco BPI de Baa1 para A3, na sequência da melhoria recente do rating de Portugal.

A perspetiva de evolução (Outlook) do rating dos depósitos é Estável.

Os ratings atribuídos pela Moody’s ao Banco BPI e à sua dívida sénior ordinária (senior unsecured) de longo prazo mantêm-se em Baa2, com Outlook Estável.

A suportar estas classificações de rating, a Moody’s põe em evidência quatro pontos essenciais do Banco BPI. A saber, os indicadores de qualidade de risco de crédito, melhor do que a média do sector em Portugal; a sólida capitalização; o adequado perfil de financiamento e liquidez; e o apoio do acionista único, o CaixaBank.

Crédito Agrícola

Por fim, a Moody’s melhorou o rating da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo. A subida do Counterparty Risk Assessment (CR) de longo prazo da Caixa Central de um degrau de Baa2 (cr) para Baa1 (cr) segue a elevação do rating de títulos do governo para Baa2. “De acordo com a metodologia da Moody’s, a Avaliação de CR de um banco não excederá o rating soberano em mais de um grau, ou dois graus, quando o BCA Ajustado já estiver acima do rating soberano, o que não é o caso da Caixa Central”, explica a Moody’s.

Os ratings da Caixa Central refletem o seu papel fundamental no Grupo Crédito Agrícola, que é formado por uma rede de bancos cooperativos em que a Caixa Central atua como tesouraria do grupo e entidade emissora em benefício de todos os bancos membros.

A avaliação de CR de longo prazo da Caixa Central de Baa1 (cr) reflete o BCA autónomo do banco e o BCA Ajustado, ambos de ba1; e os resultados da análise avançada de LGF, que leva à subida de três níveis para a avaliação de CR de longo prazo da Caixa Central.

No fim de julho, a Caixa Central de Crédito Agrícola recebeu notação de rating (Baseline Credit Assessment ou BCA) da Moody’s de nível Ba1 pela primeira vez. A notação refletiu a opinião de crédito em relação ao Grupo Crédito Agrícola que incorpora o mecanismo de solidariedade prevalecente entre as entidades que o constituem, designadamente as Caixas de Crédito Agrícola e Caixa Central.

 

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