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Moody’s sobe rating a sete bancos portugueses por melhores condições económicas

As ações de melhoria do rating foram motivadas pela melhoria das condições operacionais em Portugal.
(E-D) O CEO do Banco Montepio, Pedro Leitão, CEO do Banco Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida, o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, o CEO do Banco Millennium BCP, Miguel Maya, e o CEO do Banco Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida, durante o Money Summit, organizado pela EY e Iberinform, junta os CEO dos principais bancos para discutir como vai evoluir a banca, os seguros e os pagamentos. em Lisboa, 05 de novembro de 2024. FILIPE AMORIM/LUSA
19 Novembro 2024, 12h16

A Moody’s anunciou hoje ações de rating a sete grupos bancários portugueses: Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta, Novobanco, BPI, Caixa de Crédito Agrícola e Banco Montepio. As ações de rating foram motivadas pela melhoria das condições operacionais em Portugal, que conduziram a um perfil macro mais elevado para Portugal, de ‘Forte-’ para ‘Forte’ , bem como ao progresso contínuo no desempenho e nos fundamentos financeiros de vários bancos.

As condições operacionais melhoraram em resultado do crescimento económico estável de Portugal, com um crescimento real do PIB previsto de 1,8% para 2024 e 1,9% para 2025, muito acima da média europeia.

A Moody’s considera que as condições de crédito em Portugal também melhoraram significativamente nos últimos anos, com uma diminuição significativa da alavancagem do setor privado (embora permaneça relativamente elevada), reforçando a capacidade de crédito dos bancos à economia.

Os empréstimos não produtivos (NPL) diminuíram para 2,9% dos empréstimos brutos em junho de 2024, contra 3,5% um ano antes, ligeiramente acima da média da União Europeia de 2,2%.

Além disso, a qualidade de crédito dos bancos portugueses é apoiada por boas condições gerais de financiamento, em grande parte devido a uma base de depósitos de clientes estável que cobre a maior parte das necessidades de financiamento dos bancos, e por fortes indicadores de liquidez, não obstante o reembolso de empréstimos ao abrigo das operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas do Banco Central Europeu (ORPA direcionadas).

O perfil macroeconómico reflete igualmente a diversificação da economia e a solidez das instituições do país.

A perspetiva positiva para os ratings de depósitos de longo prazo do BCP, Novobanco e Banco Montepio e para os ratings de dívida sénior sem garantia do Novobanco e do Banco Montepio reflete a opinião da Moody’s de que as avaliações de crédito de base (BCA) e os ratings de longo prazo destes bancos poderão ser melhorados se as melhorias nos perfis de crédito dos bancos se mantiverem nos próximos 12 a 18 meses, em particular a melhoria das métricas de risco dos ativos, níveis de capital mais fortes e maior rendibilidade recorrente.

No caso do BCP, as notações dos depósitos a longo prazo do banco só seriam melhoradas se os ventos contrários enfrentados pela sua filial polaca Bank Millennium se mantiverem contidos, ressalva a Moody’s.

“O outlook estável dos ratings de depósitos de longo prazo e de dívida sénior sem garantia da CGD, Banco Santander Totta, BPI e Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (quando aplicável) reflete a nossa opinião de que o desempenho esperado dos fundamentais financeiros dos bancos nos próximos 12-18 meses já está refletido nos ratings atuais dos bancos”, refere a agência.

Caixa Geral de Depósitos

O upgrade do Baseline Credit Assessment (BCA) da CGD de baa1 para a3 reflete a melhoria da qualidade de crédito do banco num contexto de condições operacionais mais fortes para os bancos portugueses.

A avaliação de crédito de base (BCA) tem três componentes principais: um perfil macro, fatores financeiros e fatores qualitativos.

O rating BCA da Caixa reflete também o sólido perfil de risco de crédito do banco, “nomeadamente o forte desempenho da qualidade dos ativos e os excelentes níveis de cobertura (169% no final de junho de 2024, face a 134% no ano anterior) e os rácios de capital muito elevados (rácio de fundos próprios tangíveis – TCE) em relação aos ativos ponderados pelo risco de 19,6% no final de junho de 2024.

A avaliação de crédito de base do banco reflete também a melhoria das métricas de rendibilidade e a sólida posição de financiamento e liquidez, sustentada por uma base de depósitos ampla e resiliente.

A subida dos ratings dos depósitos de longo prazo da CGD de A3 para A2 e a afirmação dos ratings da dívida sénior sem garantia em Baa1 refletem a subida do BCA do banco para a3; a manutenção do resultado da nossa análise avançada de Loss Given Failure (LGF), que resulta numa subida de um notch para os ratings de depósitos e num notch negativo para os ratings da dívida sénior sem garantia do banco; e o pressuposto inalterado de uma probabilidade moderada de apoio governamental dada a importância sistémica da CGD, que agora não resulta em mais subidas tanto para a dívida sénior sem garantia como para as notações de depósitos, devido à proximidade mais estreita entre estas notações antes do apoio governamental e a notação do Governo de Portugal (A3 estável).

BCP

Ao melhorarem a avaliação de crédito de base (BCA) do BCP de ba1 para baa3, a Moody’s tive em consideração a melhoria da qualidade de crédito do banco, em particular a melhoria dos seus indicadores de risco dos ativos em resultado de uma estratégia bem sucedida de derisking implementada em Portugal nos últimos anos. Mas também levou em conta com os seus níveis de capital mais elevados (rácio tangible common equity – TCE de 13,2% em junho de 2024, face a 11,1% um ano antes) e a melhoria, embora ainda modesta, da rendibilidade dos resultados do grupo, que continuará a ser pressionada durante o período da perspetiva por provisões legais consideráveis associadas à carteira de hipotecas em francos suíços da filial polaca do BCP.

O BCA do BCP também reflete a sólida posição de financiamento e liquidez do banco, diz a Moody’s.

A reafirmação dos ratings de depósitos de longo prazo do BCP em A3 e a subida dos ratings de sua dívida sénior sem garantia de Baa2 para Baa1 por parte da Moody’s refletem “a subida do rating BCA e do rating BCA Ajustado do banco para baa3; o resultado da análise Loss Given Failure (LGF) Avançada que continua a conduzir a uma subida de três notches para os ratings de depósitos e de um notch para os ratings da dívida sénior não garantida; e o nosso pressuposto de uma probabilidade moderada de apoio governamental, dada a importância sistémica do BCP, que resulta agora numa subida inalterada de um notch para os ratings da dívida sénior não garantida e nenhuma subida adicional para os ratings dos depósitos de longo prazo, uma vez que estes ratings antes do apoio governamental já estão em linha com o rating soberano”.

Há que destacar que a LGF Advanced mede a probabilidade perdas em caso de falência para os depositantes a longo prazo.

A perspetiva estável para os ratings da dívida sénior sem garantia do BCP “reflete a nossa expetativa de que a pressão positiva que poderia desenvolver-se sobre estes ratings, decorrente do reforço do perfil de crédito, seria compensada por um menor aumento do apoio governamental, uma vez que a distância entre estes ratings e o rating das obrigações do Tesouro de Portugal (A3) está a diminuir”.

Santander Totta

Os ratings do Banco Santander Totta refletem a opinião da Moody’s sobre a qualidade de crédito da sua holding Santander Totta SGPS (Santander Totta) numa base consolidada, de modo a refletir a expetativa de que o Santander Totta e o BST serão resolvidos e geridos pelo regulador como uma única unidade.

A Moody’s explica que o upgrade da avaliação de crédito de base (BCA) do banco liderado por Pedro Castro e Almeida de baa2 para baa1 reflete a melhoria do perfil de crédito do grupo no contexto de um ambiente operacional mais forte para os bancos portugueses.

Em particular, a melhoria reflete a melhoria dos indicadores de risco dos ativos após uma redução considerável do risco do balanço, níveis elevados de capital e uma melhoria significativa da rendibilidade recorrente (rácio do resultado líquido em relação aos ativos tangíveis de 1,9%, contra 1,1% um ano antes).

O rating BCA do banco reflete igualmente o perfil adequado de financiamento e de liquidez do grupo.

A agência manteve os ratings de depósitos de longo prazo do Banco Santander Totta em A2 e do rating do programa senior unsecured em (P)Baa1 o que reflete o upgrade do BCA do banco para baa1; uma elevada probabilidade de apoio parental do Banco Santander (Espanha), que agora não resulta em qualquer subida, uma vez que o BCA do Santander Totta está agora em linha com o BCA da sua casa-mãe; e o resultado da análise Advanced LGF, que conduz a uma subida de dois notches no rating dos depósitos e a nenhuma subida no rating do programa sénior não garantido.

“Atribuímos uma baixa probabilidade de apoio governamental aos ratings de depósitos e de programas sénior não garantidos do Santander Totta, o que não resulta numa subida adicional destes ratings”, refere a Moody’s.

Novobanco

A Moody’s procedeu a um upgrade de ratings do Novobanco, mantendo outlook positivo. O outlook sobre as classificações de depósitos de longo prazo e dívida sénior unsecured mantém-se positivo, refletindo a expectativa da Moody’s sobre o desempenho esperado do banco nos próximos 12 a 18 meses

O BCA, rating intrínseco e independente do banco, é agora grau de investimento.

A Moody’s Ratings subiu em um notch, a notação de rating do Baseline Credit Assessment do banco de ba1 para baa3. No seguimento do upgrade, o rating dos depósitos de longo-prazo foi também upgraded de Baa1  para A3 e a dívida senior unsecured de Baa3 para Baa2.

A subida do rating BCA do Novobanco para baa3 “reflete as melhorias contínuas na solvabilidade do banco, no contexto de condições operacionais mais favoráveis para os bancos portugueses”, incluindo melhoria nos indicadores de qualidade de ativos, fortes indicadores de rentabilidade e a maior capacidade de absorção de perdas, dados os elevados níveis de capital.

O perfil de crédito do Novobanco melhorou significativamente nos últimos anos, em resultado da conclusão com êxito de um plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia., salienta a Moody’s. Em particular, o BCA do Novobanco reflete a melhoria dos seus indicadores de qualidade dos ativos (rácio de ativos não produtivos de 5,1% em junho de 2024, face a 7,3% um ano antes), embora ainda acima da média do sistema, os seus fortes indicadores de rendibilidade e a melhoria da capacidade de absorção de perdas num contexto de níveis de capital muito elevados (rácio TCE de 21,5% no final de junho de 2024).

O BCA reflete também a ainda elevada dependência do Novobanco do financiamento de curto prazo e uma posição de liquidez adequada.

A Moody’s, no caso do Novobanco destaca a pontuação do perfil do emitente em termos de governação (IPS) que foi melhorada de G-3 para G-2, refletindo riscos de governação mais baixos na sequência da conclusão bem sucedida do plano de reestruturação, que é o resultado de uma estratégia financeira reforçada e de melhores práticas de gestão do risco.

“Por conseguinte, a notação do impacto de crédito ambiental, social e de governação (ESG) do banco foi revista de CIS-3 para CIS-2, refletindo a nossa opinião de que os riscos globais de governação do banco não têm um impacto significativo nas atuais notações”, refere a agência.

BPI

O upgrade da avaliação de crédito de base (BCA) do BPI de baa2 para baa1 reflete também a melhoria do perfil de crédito do banco num contexto de condições operacionais mais fortes para os bancos portugueses.

“Ao atualizar o BCA, considerámos os elevados níveis de capital do BPI, que são, no entanto, limitados pelos riscos decorrentes da sua exposição angolana, o seu risco de ativos melhor do que a média e os seus melhores indicadores de rendibilidade interna (rácio de lucro líquido sobre ativos tangíveis de 1.4% no final de junho de 2024, acima dos 1.2% do ano anterior)”, refere a Moody’s.

O BCA reflete igualmente o perfil adequado de financiamento e liquidez do banco.

A subida dos ratings de depósitos de longo prazo do BPI de A2 para A1 e dos ratings do programa senior unsecured de (P)Baa1 para (P)A2 refletem a subida do BCA do banco para baa1; a manutenção do pressuposto da Moody’s de uma elevada probabilidade de apoio parental do CaixaBank, que continua a não resultar numa subida do BCA Ajustado para baa1, uma vez que o BCA do BPI é agora superior ao BCA da sua casa-mãe; e a análise LGF Avançada, que agora proporciona uma subida de três níveis para os ratings de depósitos e de dois níveis para os ratings dos programas sénior não garantidos a partir do BCA Ajustado do banco.

“Atribuímos uma baixa probabilidade de apoio governamental aos ratings de depósitos de longo prazo e de dívida sénior não garantida do BPI, resultando em nenhuma subida adicional para estes ratings”, remata a Moody’s.

Crédito Agrícola

A Moody’s fez um upgrade de um nível aos ratings da Caixa Central de Crédito Agrícola, elevando o seu Baseline Credit Assessment, de “baa3” para “baa2, rating dos Depósitos de Longo Prazo de “Baa2” para “Baa1”, bem como da sua Dívida Sénior Unsecured de “Ba1” para “Baa3”, o que representa um rating de Investment Grade.

“Os ratings que a Moody’s atribui à Caixa Central refletem o seu papel no seio do Grupo Crédito Agrícola, composto por uma rede de 68 bancos cooperativos, ligados por um mecanismo de solidariedade consagrado na Lei”, destaca o banco liderado por Licínio Pina.

“As notações da Caixa Central refletem a nossa opinião sobre a qualidade creditícia de todo o grupo, ou seja, do GCA, sendo a Caixa Central a tesouraria do grupo e a única entidade emissora de dívida”, refere a Moody’s.

Em detalhe, a Moody’s diz que a subida do BCA da Caixa Central de baa3 para baa2 realça a melhoria da qualidade de crédito do GCA num contexto de condições operacionais mais favoráveis para os bancos portugueses. O BCA da Caixa Central reflete a melhoria global do risco dos ativos do grupo, a robusta posição de capital (rácio TCE de 17,0% no final de dezembro de 2023) e o reforço da rendibilidade recorrente. Além disso, o BCA tem em conta a extensa e granular base de depósitos de retalho do grupo e uma reserva substancial de ativos líquidos, que ajudam a mitigar o seu nível relativamente ainda elevado de ativos não produtivos.

A subida do rating da Dívida Sénior Unsecured do Crédito Agrícola para um nível de Investment Grade “contribui de forma significativa para a implementação da estratégia de financiamento do Grupo Crédito Agrícola de uma forma mais eficiente”, referiu o banco.

Banco Montepio

A agência de notação financeira Moody’s elevou os ratings da Dívida sénior não garantida (Senior Unsecured Debt) para Ba1 e dos Depósitos (Long-Term Bank Deposits) para Baa2, melhorando a perspetiva para positiva. Esta é a terceira subida do rating do Banco Montepio nos últimos dezoito meses, totalizando quatro níveis.

Em alta, foram também revistos os ratings de longo prazo: Risco de contraparte (Counterparty Risk Rating) e de avaliação do risco de contraparte (Counterparty Risk Assessment) de Baa2 para Baa1; Avaliação base (Baseline Credit Assessment) de ba2 para ba1; Dívida sénior não preferencial a emitir ao abrigo do Programa de EMTN (Junior Senior Unsecured MTN) de (P)Ba2 para (P)Ba1; Dívida subordinada (Subordinate Debt) de Ba3 para Ba2.

A Moody’s revela que a subida da avaliação do BCA do Banco Montepio destaca a melhoria do seu risco de ativos no contexto da estratégia de derisking em curso, o reforço gradual dos níveis de capital nos últimos anos (o rácio TCE subiu para 15,8% no final de junho de 2024, face a 13,2% um ano antes) e a melhoria, embora ainda modesta, da rendibilidade dos resultados do grupo. O BCA reflecte também a sólida posição de financiamento e liquidez do Banco Montepio, sustentada por uma base de depósitos resiliente.

A perspetiva positiva do rating da dívida sénior não garantida reflete a opinião da Moody’s de que a manutenção desta melhoria no perfil de crédito do Banco Montepio poderá resultar em novos upgrades, alcançando assim o grau de investimento.

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