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Morais Sarmento quer PSD com “desígnio nacional” contra “salada russa” da ‘geringonça’

Numa ‘aula’ na Universidade de Verão do PSD, na qual tinha estado há 16 anos na primeira edição, Nuno Morais Sarmento acusou o atual Governo de não apresentar “um único desígnio nacional” durante estes quatro anos e deixou um aviso para as legislativas do próximo ano.
5 Setembro 2018, 18h39

O vice-presidente do PSD Morais Sarmento desafiou hoje o partido a voltar a apresentar “um desígnio nacional” que possa ser, nas próximas eleições, uma alternativa ao que chamou de “salada russa” das propostas do PS, BE e PCP.

Numa ‘aula’ na Universidade de Verão do PSD, na qual tinha estado há 16 anos na primeira edição, Nuno Morais Sarmento acusou o atual Governo de não apresentar “um único desígnio nacional” durante estes quatro anos e deixou um aviso para as legislativas do próximo ano.

“Eu não quero ler o programa do PS, que é só uma terça parte, eu quero é perceber o cardápio de exigências de PCP e BE para ver a salada russa que dá. Deve ser semelhante à que vivemos nos últimos quatro anos, o problema é que o país é um todo maior do que a soma das partes”, defendeu.

Para Morais Sarmento, nas próximas eleições o PSD terá pela frente não um combate com o PS, mas “com a frente de esquerda”.

“É um combate com a Catarina, é um combate com o Jerónimo, e também com António Costa”, apontou, considerando que o PSD terá de apresentar “uma solução completa, coerente e credível” como alternativa.

O dirigente reconheceu que também o PSD não se apresenta há muito ao eleitorado “com uma postura de mobilização para um desígnio de país”, considerando que os anteriores primeiros-ministros do partido – Pedro Passos Coelho e Durão Barroso – não o puderam fazer pelas condições económicas do país.

“Como é que o PSD deve sair da armadilha? Não é com um a governar na crise e outro na folga, não. É um apresentar uma proposta para o país, e outro apresentar aquela coisa que é uma soma de partes”, aponta.

O antigo ministro do Estado e da Presidência de Durão Barroso apontou a saúde como um exemplo de uma área em que PSD e PS têm visões diferentes.

“Nós achamos que tem de existir um Serviço Nacional de Saúde, lutámos por ele desde o início, mas tem de existir ao lado disso liberdade e possibilidade de eu escolher”, defendeu.

No Conselho Nacional da próxima semana, o PSD levará a debate o documento produzido pelo Conselho Estratégico do partido precisamente sobre a saúde.

“Do outro lado, temos quem ache que seria possível e desejável acabar com as alternativas em termos de prestação de cuidados de saúde e obrigar os portugueses a uma única resposta, sem alternativas e sem capacidade de escolha e exigência sobre os resultados”, criticou.

Perante os jovens alunos da Universidade Verão, que decorre em Castelo de Vide (Portalegre) até domingo, defendeu a importância de serem as gerações mais novas a determinar o pensamento do PSD.

“Eu acho que o importante não é que seja a Margarida Balseiro Lopes [líder da JSD] a fazer o discurso do 25 de Abril – isso é como funciona o PS, é para a fotografia – é que seja a Margarida, que sejam as ‘margaridas’, os mais novos a determinar o pensamento do PSD”, defendeu.

Membro da atual direção do PSD, Morais Sarmento deixou uma pergunta, a que ele próprio respondeu de forma crítica: “Se temos, neste momento, os mais novos de entre nós a serem participantes decisivos na definição do pensamento e da estratégia e pensamento do PSD? Não. Se isso para mim é uma condição de vitória? É”.

“Com isto digo tudo sobre o que nos falta cá dentro mexer e mudar”, acrescentou.

Pelo contrário, o atual vice-presidente do PSD defendeu que o partido deve manter-se onde “sempre esteve” em termos de posicionamento ideológico, ao centro, mesmo perante novas formações políticas, como a Aliança anunciada pelo ex-líder do PSD Pedro Santana Lopes.

“O PSD é a social-democracia, não há que ter complexos nem problemas com isso”, disse.

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