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Moratórias concedidas pelo Santander abrangem crédito de 9 mil milhões de euros. CEO espera renovação do regime

Cerca de 82 mil clientes do Santander Totta aderiram às moratórias, o que representa um volume de crédito de nove mil milhões de euros. Pedro Castro e Almeida, CEO do banco, explicou que isto significa que a instituição financeira não vai receber mil milhões de euros até 30 de setembro, e alertou que as imparidades poderão disparar em outubro. “Vai ser um tsunami”.
  • Cristina Bernardo
14 Maio 2020, 13h39

Até esta quinta-feira, 14 de maio, 82 mil clientes do Santander Totta aderiram às moratórias, o que representa um “total de nove mil milhões de euros” em crédito, explicou o presidente executivo da instituição financeira, Pedro Castro e Almeida.

Para as receitas do banco, isto significa que mil milhões de euros ficam em suspenso, por receber, até 30 de setembro, mês em que acabam as moratórias. “Isto é como se fosse novo crédito que estamos a dar a empresas e particulares”.

O CEO explicou que os clientes que aderiram às moratórias representam “25% do total do crédito a particulares e 40% de crédito a empresas e elegível, ou seja, excluindo o crédito a grandes empresas, nomeadamente através de papel comercial, e o crédito do sector Estado”.

Questionado sobre um eventual prolongamento das moratórias, que terminam a 30 de setembro, Pedro Castro e Almeida respondeu “Acredito que sim e espero que sim, principalmente se tivermos em conta se a economia não estará a crescer a 30 de setembro”.

Pedro Castro e Almeida sinalizou o mês de outubro, altura em que terminam as moratórias, alertando que poderá ser um “tsunami”. Se as empresas não estiverem na altura “em posição para fazer face ao serviço de dívida, as imparidades vão disparar”, vincou o CEO.

“Não está nas nossas previsões que, em outubro, a economia esteja a crescer de forma robusta como estava antes da Covid-19. O mais provável é chegar a 30 de setembro, com uma nova moratória por mais seis meses, das empresas e famílias, que será uma renovação das moratórias já existentes”, conclui o CEO do banco.

Para além disso, lembrou o CEO, o banco em Portugal suspendeu a distribuição dos dividendos de 410 milhões de euros e por isso o capital foi reforçado nessa medida para dar crédito à economia.

Pedro Castro e Almeida disse ainda que do total dos 6,6 mil milhões de euros de linhas protocoladas, com garantia do Estado (através das Sociedades de Garantia Mútua), num total “o banco aprovou 1,6 mil milhões de euros”.

Destes 940 milhões foram já aprovadas pelas Sociedades de Garantia Mútua. Dos quais 380 milhões já foram formalizados e já estão nas contas dos clientes, e em formalização estão 250 milhões de euros, números foram divulgados pelo CEO do banco na apresentação dos resultados trimestrais. Ao todo, disse o banqueiro, “no prazo de duas semanas  chegam à conta das empresas 630 milhões de euros. Mas a expectativa é que cheguem entre 1,2 mil milhões e 1,6 mil milhões de euros nos próximos 15 dias”, disse. O banco aprovou 98% dos pedidos de crédito por linhas protocoladas.

O CEO disse ainda que o banco tem linhas de crédito disponíveis, fora das linhas Covid, mas que não tem havido uma utilização maciça dos 6 mil milhões que o banco mantém disponível em crédito para os seus clientes. Em março o novo crédito a empresas foi de 500 milhões, em abril de 400 milhões e em maio vai em 200 milhões, disse o presidente do banco que adiantou que os depósitos de empresas e particulares estão a subir.

“Todos os apoios nesta fase são insuficientes para as empresas, particularmente para as microempresas. Vão ser precisos mais apoios no futuro”, salientou Pedro Castro e Almeida.

O Governo tem autorização para ir até aos 13 mil milhões de euros, mas irá usar a medida consoante as necessidades da economia.

“O ministro da Economia vai libertar no futuro mais apoios em função da evolução desta pandemia e da situação económica. Está previsto para as próximas semanas uma linha de crédito para microempresas e acredito que depois do Verão, em função da evolução da Economia, irá voltar a abrir um novo montante de linhas protocoladas. Creio que seria um erro esgotar logo todo o plafond, mas acredito que vão ser precisos mais apoios para fazer face às necessidades de tesouraria das empresas”, concluiu o CEO do Santander.

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