1. Horror e nojo. São estes os sentimentos que a comunidade sentiu quando teve conhecimento do relatório independente sobre os abusos sexuais da Igreja. Havia (e há) lobos com pele de cordeiro usando a palavra de Deus para vis e recalcados propósitos. É indigno que a Igreja tenha ocultado tanto tempo tantas denúncias e, mais grave, que muitos sacerdotes continuassem depois das mesmas sem ser retirados do seu ministério.
Marcelo Rebelo de Sousa, um católico que com certeza se indignou e entristeceu com as conclusões reveladas, esteve bem a apontar uma nova orientação e um reforço da punição da Igreja, bem como lembrando que noutras geografias onde aconteceu a mesma tragédia houve indemnizações às vítimas. O mal está feito, os traumas inculcados e inamovíveis nas vítimas, agora não pode haver perdão para os prevaricadores.
2. Igualmente bem esteve o Presidente da República na questão do Altar-Palco, onde impôs limites ao deboche de custos, parecendo, esses, típicos de emires e marajás. E, nesta semana, foi perceptível que o “Zé” não faz falta, foi chutado para canto por Carlos Moedas que, agora, para o bem ou para o mal, se transformou no rosto político da liderança de um evento extraordinário e importante para Portugal e Lisboa.
3. Muito mal esteve o comentador Marcelo Rebelo de Sousa ao levar Luís Montenegro e Carlos Moedas para um atoleiro que é o tema da imigração. Não compete ao inquilino de Belém dar aulas sobre temas da agenda diária a protagonistas experimentados.
É preciso, como já foi escrito aqui anteriormente, mais decoro e sobriedade nas intervenções públicas, para não esgotar o seu capital e não perder o impacto que as declarações de um Presidente da República devem ter em temas que sejam verdadeiramente importantes para o País.
4. Catarina Martins foi uma líder do Bloco de Esquerda (BE) marcante numa fase de um ciclo político. Obteve o melhor resultado de sempre, conseguindo 19 deputados em 2015, mas tropeçou no seu veneno que ajudou a matar a Geringonça, e caiu com estrondo perdendo 250 mil votos e 14 parlamentares em 2022.
Sim, o BE foi a maior vítima da maioria absoluta do PS e cabe agora reorganizar-se, apresentar ideias para o País e não apenas cristalizar-se em questões fracturantes. E explicar bem que o BE não se transformou em BA, um Bloco de Aristocratas que controlam o núcleo directivo e o grupo parlamentar do partido. Há muito mais vida para lá dos mesmos rostos de sempre. É esta a principal crítica de outros sectores internos, que acusam os actuais dirigentes de “asfixia democrática”, algo que não é bonito de ouvir.
Vem Mariana Mortágua, e não é novidade nenhuma que ela surgiria um dia. Tem notoriedade, muitas qualidades, está calejada na arena mediática, só tem a pequena mácula de se ter esquecido da exclusividade na AR e ter sido obrigada a devolver os seus “cachets” na SIC-Notícias. Isso não lhe ficou nada bem, agora é certo que com ela o BE não entrará em vias de extinção.
5. Para os ouvintes do meu podcast no Jornal Económico, não é novidade que há muito que falo do “dream ticket” do Partido Republicano para a conquista da Casa Branca, Ron DeSantis-Nikki Haley. A ex-embaixadora na ONU e ex-governadora da Carolina anunciou a ida a jogo, e é sempre de sentir o peso dos votos para poder negociar o lugar de vice na chapa presidencial. É uma grande candidata.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.