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Mota-Engil a cair mais de 10% em bolsa: pressão vendedora pode persistir enquanto houver incerteza

Construtora portuguesa lidera quedas em bolsa esta quarta-feira com uma desvalorização superior a 10%. João Queiroz, responsável de negociação do Banco Carregosa, atribui quebra à pressão vendedora que pode subsistir enquanto as perspetivas económicas não melhorarem.
4 Setembro 2024, 12h54

Algumas fragilidades do ponto de vista financeiro, a desaceleração da economia e a provável pressão vendedora poderão estar na origem da queda acentuada da Mota-Engil esta quarta-feira, de acordo com análise de João Queiroz, responsável de negociação do Banco Carregosa, para o JE.

A construtora portuguesa tem estado a liderar as perdas na praça lisboeta esta quarta-feira e às 12h35, as ações da Mota-Engil estavam a cair 10,16% para 2,740 euros.

“A apresentação de resultados da Mota-Engil foi positiva e a empresa apresentou uma trajetória virtuosa do ponto de vista económico. No aspeto financeiro, consideramos que existem algumas fragilidades já que grande parte da carteira de negócios (que é muito expansionista) tem muita presença em economias cuja divisa não é convertível”, começa por referir o responsável de negociação do Banco Carregosa ao JE.

Porém, destaca João Queiroz, “a perspetiva de alguma estagnação do crescimento económico ou de uma pequena contração, torna o negócio da Mota-Engil ou de cotadas com este nível de equilíbrio financeiro com outro desempenho”.

Numa análise mais detalhada, este especialista considera que “o grau de alavancagem da Mota-Engil e deste tipo de negócios é ainda elevado para o free cash flow que geram e para o crescimento que têm e numa trajetória de crescimento mais acelerada. Provavelmente, não se espera que nos próximos trimestres isso possa acontecer. Havendo uma estagnação, este tipo de cotadas, sobretudo com este nível de alavancagem, podem sofrer com algum conservadorismo por parte dos investidores”.

O facto da Mota-Engil ser considerada uma “cotada pequena” mas como um “desempenho excecional em 2022 e 2023”, pode estar a fazer com que “haja muitos vendedores que queiram sair pela porta pequena, o que acaba por provocar algum desajustamento”.

Assim, João Queiroz antecipada que possa continuar a existir “alguma pressão vendedora enquanto houver alguma incerteza ao mercado e enquanto as tecnológicas estiverem em correção. Para os investidores que estão no médio/longo prazo, a Mota-Engil tem argumentos porque apresenta um desempenho que permite algum peso na carteira dos investidores”.

No entender do responsável de negociação do Banco Carregosa, existe outro ponto que merece alguma reflexão e que passa pelo facto da relação entre o retorno do investimento e o custo dos recursos alheios “ser baixo”: “O negócio da Mota-Engil tem as margens muito esmagadas e há muita concorrência… e não estamos só a falar de obras públicas mas também de concessões e serviços de suporte e engenharia”.

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