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Movimento ‘A Pão e Água’ pede apoio ao Presidente da República e inicia greve de fome

O Movimento Sobreviver a Pão e Água, que junta empresários e trabalhadores da restauração e similares, apelou esta sexta-feira a que o Presidente da República “interceda urgentemente a favor do sector”, tendo alguns membros iniciado uma greve de fome.
  • Cristina Bernardo
27 Novembro 2020, 21h23

O movimento, que junta empresários e trabalhadores da restauração, bares, discotecas, cultura, eventos, alojamento e táxis, foi recebido esta sexta-feira na Casa Civil da Presidência da República, onde revelou que teve a oportunidade de “expor as suas ideias e propostas, solicitando ao Presidente [Marcelo Rebelo de Sousa] que interceda urgentemente a favor do sector”.

“Sem respostas concretas e imediatas aos pedidos apresentados, e considerando a urgência de medidas que apoiem um setor que já há nove meses se encontra em agonia, e que, agora, com as novas restrições, entra numa fase ainda mais dramática, o Movimento não tem outra opção senão a de prosseguir esta luta”, sublinha a nota.

Em representação do movimento estiveram Ljubomir Stanisic, José Gouveia e Manuel Salema, sendo que a reunião “surgiu na sequência de um pedido de audiência” a 16 de novembro, “endereçado ao Sr. Presidente da República, mas também ao primeiro-ministro, Dr. António Costa, e ao ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Dr. Pedro Siza Vieira”.

“Dos três pedidos enviados, apenas o ‘email’ dirigido ao Gabinete da Presidência obteve resposta, concretizando-se hoje a audiência solicitada”, realça o comunicado.

Para o movimento Sobreviver a Pão e Água, apesar de não caber ao Presidente da República a responsabilidade de legislar, é “uma das suas funções chamar a atenção da Assembleia da República para qualquer assunto que, no seu entender, reclame uma intervenção do parlamento”.

A partir desta sexta-feira, alguns membros do movimento estarão em greve de fome em tendas instaladas em frente à Assembleia da República, “como forma de protesto e em solidariedade por todos aqueles que, neste momento, não têm já o que comer”, lê-se ainda no mesmo comunicado.

“Pelos 43% de nós, empresas de restauração e similares, que ponderam avançar para a insolvência. Pelos 19% de nós, empresas de alojamento turístico, que ponderam fechar as portas. Pelos que ficaram pelo caminho. Pelos mais de 49 mil empregos perdidos no setor da restauração e hotelaria durante o terceiro trimestre de 2020. Por todos os que perderão o emprego, o sustento, a comida na mesa se as ajudas não chegarem já”, finaliza.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.433.378 mortos resultantes de mais de 60,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram até ao momento 4.276 pessoas, fruto dos 285.838 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

As medidas para combater a Covid-19 paralisaram sectores inteiros da economia mundial, tendo o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertado que a pandemia reverterá os progressos feitos desde os anos de 1990 em termos de pobreza e irá também aumentar a desigualdade.

O FMI prevê uma queda da economia mundial de 4,4% em 2020, com uma contração de 4,3% nos Estados Unidos e de 5,3% no Japão, enquanto a China deverá crescer 1,9%.

Para 2021, a organização sediada em Washington antecipa um crescimento da economia mundial de 5,2% face a 2020. Para Portugal, o FMI prevê uma quebra de 10% este ano, seguida de uma recuperação de 6,5% para 2021.

Estas previsões diferem ainda assim das do Governo português, que prevê uma queda da economia de 8,5% em 2020, e uma recuperação de 5,4% em 2021.

Já a Comissão Europeia antecipa uma queda de 9,3% da economia portuguesa em 2020, seguida de um crescimento de 5,4% no próximo ano.

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