No poder em Angola há décadas, o MPLA oscila, em todos os congressos, entre a necessidade de preservar o seu estatuto de liderança e a tentação de renovar o topo da sua direção política. Desta vez, no VIII Congresso Extraordinário, que decorreu em Luanda na semana passada, prevaleceu a primeira tese: o novo Secretariado é composto por 18 elementos, mas com apenas três ‘caras novas’ e, dizem os críticos, o prometido processo de renovação deixou muitos veteranos na máquina administrativa: apenas dois membros têm menos de 40 anos de idade.
O congresso do MPLA, concluído nesta terça-feira, 17, foi interpretado por analistas políticos como um evento focado principalmente em ajustes estatutários que visaram favorecer o Presidente João Lourenço.
Mara Regina da Silva Baptista Domingos Quiosa, eleita vice-presidente, Nádia Agostinho Monteiro, secretária para Administração e Finanças, e Justino Fernando de Castro Capapinha, primeiro secretário nacional da Juventude do MPLA, são as três novas personalidades que ascendem ao Secretariado. Neste contexto, os críticos referem que a renovação da estrutura de topo – que era por muitos considerada essencial para o partido não perder tração à realidade social do país – é de apenas 16,7%. Uma surpresa, principalmente para aqueles que ouviram com atenção do discurso de abertura do congresso proferido por João Lourenço, presidente do partido (e do país), onde a palavra ‘renovação’ teve um peso significativo.
O ‘desastre’ moçambicano
Para os críticos, e ao contrário do que prometeu, João Lourenço usou o VIII Congresso para blindar o seu poder interno, tendo em vista os próximos desafios eleitorais. E essa parece ser a razão fundamental – por uma razão simples: os últimos atos eleitorais em Angola têm demonstrado alguma dificuldade do MPLA em manter a hegemonia com que contava em tempos mais remotos. Mais: os acontecimentos que estão a suceder vertiginosamente em Moçambique – onde essa espécie de partido-irmão, a FRELIMO, está a colocar (segundo alguns) o país em pré-guerra civil – demonstram o quão volátil é a condição de liderança.
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