A busca de soluções para a sustentabilidade do planeta tem-se alargado em sucessivos apelos à mobilização, empenho e participação de pessoas, agências e responsáveis políticos observando uma causa comum de futuro.

Com a nobreza costumeira, os jovens têm sido os porta-vozes de uma necessidade de todos partilharem preocupação e exercerem ações efetivas e eficazes, alertando e agindo na salvaguarda do planeta. Depois da Conferência de Paris de 2015, em que se acreditou que os governos estavam firmes e determinados em tomar medidas concretas para travar as alterações climáticas que agitam céus e marés, rematando em terra o modelo que os homens foram construindo no ar. Agora não é possível voltar atrás.

Quando se julgava que prosseguíamos uma causa comum, eis que alguns governantes rasgaram acordos, desconstruíram consensos e mantiveram velhas políticas que levaram ao estado atual da situação onde é imperativo intervir na preservação do futuro.

Algumas tímidas ações de luta contra o plástico, redução das emissões de carbono, repúdio contra o nuclear ou a transformação do paradigma dos combustíveis fósseis, entre muitos outros, exigem um movimento conjugado de governos contra interesses instalados, sem o que qualquer combate se mostrará infrutífero.

A capa recente da revista “Times” com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, enterrado nas águas subidas em Tuvalu, na Polinésia, tem um impacto extraordinário como chamada de atenção para este problema. Este apelo pretende sensibilizar e ser prosseguido pelos governantes de todos os países num combate invisível mas determinado em nome do futuro.

Em Portugal estas ações não tem tido grande impacto no Governo. Continuamos na expectativa de sentir a política de ambiente como prioridade. E nem na energia, onde se esperou uma galvanização do uso de energias limpas e renováveis,  tal aconteceu. O peso político desta pasta é reduzido, pois que não dá votos e outros assumiram este desígnio como uma plataforma firme de combate para liderar aquilo que o Governo não consegue, por se mostrar mais empenhado em outras plataformas mais visíveis e com resultados efetivos na pesca de votos.

À porta da campanha eleitoral e na apresentação dos programas eleitorais, espera-se que a política de ambiente se assuma como prioritária e se apresentem propostas agregadoras e mobilizadoras.

Em período pré-eleitoral e eleitoral desenham-se propostas, não se desenham políticas. Mas é neste tempo e nesta oportunidade que se assumem compromissos com os eleitores que terão de ser cumpridos pois, cada vez mais, estes se encarregam de os cobrar, mais tarde ou mais cedo. Os compromissos ficam aliados a organizações e seus protagonistas. No fracasso destes, outros terão de os cumprir já que os acordos têm de ser pontualmente cumpridos. E na aliança estabelecida entre eleitores e eleitos, a confiança constrói-se pelo grau de cumprimento entre as partes, na relação unívoca e inequívoca que aquilo que se promete tem de ser realizado.

Mudar de ambiente pode ser mudar de protagonistas quando os atuais não realizam as suas tarefas e falham nos seus propósitos. Mudar de ambiente é pois um objetivo para salvar o planeta, a humanidade e o futuro. Para muitos trata-se de tarefa distante e não prioritária. Para outros será imperioso agir para salvar o mundo.

Se podemos mudar de políticos e de políticas, não podemos mudar de mundo e, enquanto for tempo, temos de dar tempo ao mundo para se regenerar.