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“Mulas de dinheiro” e criptomoedas são ameaças à luta contra lavagem de dinheiro

Um estudo da Feedzai mostra que os chamados “esquemas de mula de dinheiro”, mas também a utilização das criptomoedas são ameaças ao combate do branqueamento de capitais.
1 Novembro 2022, 08h00

O combate ao crime de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo está no topo da agenda de várias entidades e reguladores. Mas há vários obstáculos que se colocam nesta luta contra a lavagem de dinheiro. Os chamados “esquemas de mula de dinheiro”, mas também as criptomoedas, cada vez mais utilizadas para estes fins, são algumas das ameaças. Apesar disso, diz a Feedzai, a maioria das empresas não usa a tecnologia ao seu dispor para mitigar os riscos.

As conclusões constam do estudo “The State of Global Anti Money Laundering Compliance”, divulgado esta terça-feira pela Feedzai, através do qual foram inquiridos 636 peritos, que representam 77 empresas a nível mundial, a maioria das quais no sector dos serviços financeiros.

De acordo com esta análise, 74% dos inquiridos apontam os chamados “esquemas de mula de dinheiro” – um tipo de lavagem de dinheiro através do qual uma pessoa recebe dinheiro de terceiros na sua conta bancária e transfere para uma outra pessoa, obtendo uma comissão por isso – são a ameaça mais comum no combate ao branqueamento de capitais (AML, na sigla em inglês), tanto os atos voluntários (30%) como involuntários (44%).

De seguida, 56% dos inquiridos afirmam que outra das ameaças é a “Multi-Customer Cross Wallet Activity”, ou seja, a capacidade de um cliente ter várias carteiras virtuais (Apple Wallet, Google e criptomoedas), mantendo o anonimato.

O estudo mostra também que as criptomoedas são cada vez mais utilizadas para a lavagem de dinheiro, sendo apontadas por mais de metade dos inquiridos como uma das ameaças mais comuns. Apesar disso, apenas 26% das empresas monitorizam atualmente os riscos em torno das moedas digitais.

“As ameaças de lavagem de dinheiro estão em constante evolução. Os profissionais que trabalham nesta área sentem-se muitas vezes como se estivessem constantemente a recuperar o atraso para abordar os mais recentes padrões de crime financeiro, utilizando frequentemente a tecnologia e as ferramentas já ultrapassadas para enfrentar os desafios de amanhã em matéria de branqueamento de capitais”, afirma Nick Parfitt, Subject Matter Expert em AML da Feedzai, citado no comunicado.

Os profissionais inquiridos defendem que a partilha de dados é um dos passos que tem de ser dado na luta contra o branqueamento de capitais. Ainda assim, apenas 19% admitem que as suas equipas o fazem, enquanto 15% não sabem se o fazem.

“Adotar uma abordagem RiskOps [de gestão do risco financeiro] proporciona um caminho para fazer melhor uso dos dados, fazer mais para enfrentar a ameaça das criptomoedas e permitir às equipas da AML demonstrar a sua eficácia e erradicar as atividades de mula de dinheiro”, remata Nick Parfitt.

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