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Municípios metropolitanos de Lisboa comprometem-se com políticas contra alterações climáticas

Os 18 presidentes dos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) comprometeram-se esta sexta-feira a adotar medidas para minimizar efeitos das alterações climáticas na região, que irão caracterizar-se pela subida do nível do mar, secas, cheias e calor extremo.
6 Dezembro 2019, 19h34

Estas são as principais vulnerabilidades da região, como efeito das alterações climáticas, identificadas no estudo para um Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas da Área Metropolitano de Lisboa (PMAAC-AML), hoje apresentado.

Mais secas e fenómenos extremos como incêndios, mais cheias, mais eventos extremos de calor e a subida do nível médio das águas do mar são os principais problemas identificados no estudo como desafios para uma ação do conjunto de municípios.

Após a apresentação, os 18 municípios que compõe a AML assinaram um documento, através do qual se comprometem a tomar medidas políticas, de acordo com as especificidades identificadas para os respetivos concelhos.

“Os desafios são muitos e muitos significativos e os municípios terão agora de analisar muito bem este plano e ponderar à escala municipal quais são os sítios onde devemos atuar, porque não é possível atuar em todo o lado ao mesmo tempo”, disse Sérgio Barroso, coordenador do plano.

Sérgio Barroso distinguiu que, a curto prazo, o que mais o inquieta é a questão da orla costeira, para a qual até já existem compromissos para que sejam retiradas algumas áreas edificadas no concelho de Almada, que estão expostas ao risco de galgamento e inundação no imediato.

A questão da subida do nível das águas do mar “afeta todos os municípios estuarinos e, no caso costeiro, particularmente Mafra, Sintra, Sesimbra e Setúbal”.

Em muitos desses municípios “assistimos há muitos anos a uma redução crescente da dimensão das praias e isso vai-se agravar, mas o caso, em nosso entender, mais reconhecido genericamente pela globalidade dos estudos como mais preocupante é o caso de Almada”, disse.

As implicações da subida do nível das águas do mar dentro dos estuários do Tejo e do Sado, nomeadamente do Tejo, “que tem um processo de edificação muito mais intenso, é algo que não coloca perigosidade amanhã”, sublinhou, acrescentando: “Não vamos ter uma subida súbita das águas do mar amanhã, mas temos dados que apontam – e são consistentes com os dados internacionais – para uma subida das águas do mar até ao final deste século, que poderá ir até aos 90 centímetros”.

No caso das cheias, a principal área de incidência são os municípios da AML Norte, com maior preocupação para os concelhos onde as bacias hidrográficas têm maior impacto, como Cascais, em Oeiras, Sintra, Loures e Odivelas.

Nas cidades de Lisboa e de Setúbal, há um problema de cheias relacionadas com a drenagem urbana, “que também é de considerar”.

O plano chama a atenção para um aumento crescente, nas últimas quatro décadas, “quer na duração, quer na regularidade de ondas de calor”, com implicações sobre os sistemas ecológicos, mas sobretudo com “implicações muito críticas sobre a saúde humana”.

No que diz respeito às ondas de calor, pela sua orografia, os municípios que menos serão prejudicados serão Mafra e Sintra, porque “o ar da sua frente atlântica tem um efeito de mitigação dos extremos térmicos”.

“Todos os outros municípios serão particularmente afetados, com uma especial atenção para as áreas urbanas”, sublinhou.

A regularidade cada vez maior de secas “coloca problemas sobre os recursos hídricos, sobre os sistemas ecológicos e sobre os sistemas agroflorestais”, disse, defendendo a necessidade de “maior eficiência hídrica nas áreas urbanas, no processo industrial e no processo agrícola”.

No caso das secas, cada vez mais extensivas no tempo, serão sobretudo um problema crítico na Lezíria de Vila Franca de Xira, mas também no interior da Península de Setúbal, acrescentou.

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