Na Oficina Marques celebra-se o design de emoções

A entrada na Oficina Marques faz-se pela loja. O teto é povoado de seres, coisas, objetos. Nem sabemos bem classificar o oceano de formas que o habita, mas é, sem dúvida, um convite à exploração. Até porque, logo ao lado, a galeria convida a desfrutar, com música em pano de fundo, das peças nascidas da imaginação da dupla Gezo Marques e José Aparício Gonçalves, o corpo e a alma da Oficina Marques, instalada há uma década no nº 71 da rua Luz Soriano, no Bairro Alto. E se luz é coisa que não falta nas criações de Gezo e José, também não falta Lisboa, um dos temas de eleição destes artistas-artesãos, a que se somam o mar, o mato, o corpo e a fé. Mas já lá iremos. Por ora, começamos pelas expectativas da dupla em relação à sua participação na Lisbon Design Week.

“A coleção que vamos apresentar chama-se “Bucólica” e é sobre a celebração da vida, seja através do design de produto, como do design de interiores do Andringa Studio, como do design floral do Bosque. Ou seja, é o design ao serviço da nossa vida quotidiana, porque este também tem a função de acompanhar a vida, a utilidade das coisas”, explica Gezo com um sorriso. José toma a palavra e refere que “este convite a outros estúdios pretende dar uma dinâmica e energia que nos interessa, para contarmos histórias em conjunto. A nossa grande expectativa em relação à Design Week deste ano é, também, posicionarmo-nos no universo do design”. Porquê? “Porque estamos aqui há dez anos, mas o conceito Oficina Marques existe desde 2018. Para nós, é um estúdio de arte e design com um foco, nos últimos anos, em painéis, escultura e cerâmica, mas também faz sentido, para nós, esta ideia do pensamento do design. Não só o objeto artístico, mas a interceção das duas dimensões – arte e design – e como é que isso se pode materializar no dia a dia. No fundo, é isso que nos interessa, trazer a arte e o design para o mundano”.

O saber-fazer como inovação e potencializador do design
O atual contexto social atribui especial importância à ecologia, à natureza, ao simbólico e ao espiritual, paradigmas a que o saber-fazer está apto a responder com distinção. Mas também à liberdade criativa e à experimentação. Incluindo de materiais. A galeria, explicam Gezo e José, nasceu da necessidade de se exprimirem livremente, sem condicionantes ditadas por terceiros. E sem ditames em relação aos materiais que querem explorar. “Para sermos completamente livres e escolher os temas de cada exposição”, diz Gezo. “No fundo, somos fazedores. Daí o nosso espaço chamar-se Oficina. Mas dizemos também que somos contadores de histórias, porque a faísca do nosso processo criativo é sempre uma história que nasce da combinação dos nossos temas”, remata.

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