A 4ª revolução industrial traz, sem dúvida, desenvolvimentos profundos ao nível da inovação tecnológica, mas o impacto está, principalmente, nas pessoas. E tal como todas as grandes transformações que ocorreram ao longo dos tempos, pode trazer vantagens e aspetos extremamente positivos para o desenvolvimento da humanidade, mas também pode correr mal, dado o impacto que vai provocar no trabalho e na forma como este é executado.

Todos os momentos de grande transformação tecnológica criam empregos e novas possibilidades, mas também destroem empregos. Só nos Estados Unidos, prevê-se que entre 39 e 73 milhões de postos de trabalho possam ser eliminados até 2030, com a possível transferência de cerca de 20 milhões de colaboradores para outras áreas da indústria, de acordo com o estudo da consultora McKinsey.

Em termos globais, prevê-se que a automatização venha a eliminar cerca de 800 milhões de trabalhos até 2030, números impressionantes que nos deixam duas opções: ou progredimos ou arranjamos desculpas para não acompanhar a evolução. A primeira é a melhor opção a tomar. Se uma organização tem como objetivo corresponder à velocidade do mercado e à mudança tecnológica, então tem de apostar na inovação e na automatização de muitos dos seus processos de negócio chave nos próximos anos.

O ambiente empresarial e as tarefas diárias estão a ser influenciados pelo rápido desenvolvimento da tecnologia e da ciência, e as mudanças já estão a acontecer e definem a forma como o trabalho irá mudar ainda mais no futuro.

A descentralização da força de trabalho, o conceito de aprendizagem ao longo da vida, a importância da motivação para a retenção de talento, a utilização da tecnologia para melhorar as tarefas e as estruturas organizacionais mais fluidas, como o desempenho de múltiplas funções num único local, são alguns dos aspetos que estão a contribuir para a transformação massiva da força de trabalho.

Caminhamos rapidamente para um mercado laboral com outras características, em que se prevê maior competitividade e no qual um emprego já não é considerado para o resto da vida. O trabalho é cada vez mais dinâmico e flexível, a aquisição de competências uma prioridade, o desenvolvimento tecnológico constante, a globalização da economia acentua-se e, desta forma, as funções de trabalho serão necessariamente diferentes.

Neste contexto, o desafio passa por ser o mais humano possível, pois as competências necessárias no futuro mercado de trabalho são distintas. As competências sociais, emocionais e cognitivas começam a ter um valor acrescido muito importante, com tendência para ganhar ainda maior relevo e um foco de atenção por parte das organizações.

As escolhas das pessoas também mostram que o mercado de trabalho está a mudar e apontam novas tendências: passar oito horas na empresa está a transformar-se em flexibilidade de horário, o foco está nos projetos e não na carreira, a especialização é cada vez mais substituída por competências múltiplas e a aposta na educação privilegia cursos mais técnicos e de curta duração. As pessoas gostam de mudanças, querem mais flexibilidade, procuram mais conhecimento e têm um elevado nível de adaptação.

Na economia digital, os contratos temporários têm ganho relevância nos últimos anos, e o reconhecimento tácito de que um trabalho para a vida já não existe ou sequer é atrativo para as pessoas. Se, atualmente, 13% da população mundial tem um trabalho temporário, até 2050, estima-se que o número atinja os 40%, mostrando que o trabalho temporário já não é mais temporário mas sim uma escolha permanente.

A inteligência artificial continua a precisar do fator humano para melhorar o desempenho e lidar com situações complexas e críticas que exigem julgamento e pensamento criativo. O investimento no desenvolvimento tecnológico é relevante, mas as pessoas estão primeiro.