Multiplicam-se os sinais que evidenciam uma realidade generalizada de contração económica e dificuldades no horizonte. Isto na mesma altura em que o ministro Mário Centeno surge como o ‘mau polícia’ face ao “irritante otimismo” de António Costa, como adjetivou o presidente da República.
Mas, se de acordo com Centeno não há folga para despesa, isso contrasta com notícias vindas a lume que antecipam uma viragem na estratégia socialista, mencionando indicações que terão sido dadas por António Costa no sentido de os diferentes ministérios responderem o mais positivamente possível aos desejos e vontades dos inúmeros manifestantes que exigem a melhoria das suas condições de trabalho e das suas remunerações, tendo em conta o aproximar das eleições legislativas. No entanto, com ou sem eleições, os portugueses desconfiam e temem o que aí virá.
Segundo o mais recente Eurobarómetro, e tal como noticiou o Jornal Económico, apenas 29% dos portugueses acreditam que a evolução da economia portuguesa será positiva, sendo que para a generalidade da população nacional os principais problemas que o país enfrenta estão sobretudo ligados à Saúde e à Segurança Social (33%), ao risco de aumento do preços e do custo de vida/inflação (32%) e ao desemprego (27%). Já a satisfação com o Governo diminuiu consideravelmente ao longo do último ano (12%, de acordo com o Eurobarómetro) e para isso terão em muito contribuído os efeitos das cativações orçamentais, cujo valor final, em apenas dois anos, é mais elevado do que os acumulados ao longo de todos os anos de governo do PSD e CDS, de 2011 a 2015.
A queda nas sondagens das esquerdas encostadas, que se regista há três trimestres consecutivos, espelha também a desilusão do eleitorado socialista e acompanha a preocupação dos cidadãos demonstrada pelos resultados do Eurobarómetro, na mesma altura em que o INE alertou para o facto de que o PIB português aumentou 2,1% em 2018, menos 0,7 pontos percentuais do que no ano anterior e abaixo da meta do Governo. Em causa, segundo o INE, esteve um decréscimo da procura externa líquida, a desaceleração das exportações de bens e serviços e o menor contributo positivo da procura interna, “refletindo o crescimento menos acentuado do investimento”.
Em suma, estamos muito longe do discurso exuberante de António Costa, que tal como o Professor Pangloss de Voltaire se vangloria porque “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”. E para cada declaração descolada da realidade emitida por António Costa temos um membro do seu governo que o acompanha, como sucedeu recentemente com Ricardo Mourinho Félix. O secretário de Estado das Finanças desvalorizou a revisão em baixa de Bruxelas para o crescimento da economia portuguesa e afirmou que “não há nenhuma razão” neste momento para o Governo fazer qualquer revisão relativamente às suas próprias projeções, embora tenha admitido que há riscos, “eminentemente externos”, contra os quais o país “pouco pode fazer”.
Não sou, nem de longe nem de perto, um catastrofista. Mas evidenciam-se os sinais de que devemos preocupar-nos seriamente com a forma como está a ser conduzida a gestão socialista da nossa Economia, sob pena de mais um choque frontal com a realidade.
Foi merecidamente notícia a iniciativa do CDS levada a cabo no Parlamento para que o Governo crie mecanismos de cooperação mais ativa entre as empresas detidas por cidadãos portugueses no estrangeiro e as áreas empresariais existentes no país. São precisos incentivos para que os jovens com qualificações específicas possam regressar a Portugal e aqui desenvolvam projetos de alta tecnologia com grande capacidade exportadora.