A economia portuguesa caiu no primeiro trimestre 0,5%. Excluindo os trimestres da pandemia, teremos de recuar ao primeiro trimestre de 2014 para encontrar uma queda desta dimensão. Este é um mau resultado, e não há paliativos para o poder descrever de outra maneira. E se temos responsáveis do atual governo a relativizar este resultado, dizendo que não nos deveria surpreender, então teremos de ser mais duros: só não pode surpreender quem tem vindo a alertar para a falta de política económica do atual governo e da irresponsabilidade na condução da política orçamental.

Se a contração do PIB já é um mau resultado, o facto de voltarmos a divergir com as economias da União Europeia deve a todos surpreender. Desde logo porque os atuais responsáveis governamentais fizeram uma narrativa para chegar ao poder de que não seria difícil colocar a economia portuguesa a crescer 3%. Todos entendem hoje que os resultados económicos que o governo da AD tem para apresentar são maus. E como se tal não fosse suficientemente mau, a atualização das previsões que o atual governo fez junto da Comissão Europeia no sentido de apontar para um crescimento de 2,4% em 2025 é de uma enorme irresponsabilidade política, classificada pelo Conselho de Finanças Públicas como “não prudente”.

A conclusão que temos de tirar é clara: o Governo não tem os resultados que prometeu aos portugueses. E não é apenas no crescimento económico. Em matéria de política orçamental, todos nos lembramos do objetivo que este Governo prometeu aos portugueses: diminuir a carga fiscal. Pois bem, no fecho do primeiro ano do Governo, o resultado que a AD tem a apresentar é o aumento da carga fiscal, colocando-a como a segunda mais elevada do século.

Aqui chegados é preciso termos a consciência que o atual Governo colocou Portugal perante um desafio difícil em termos económicos e orçamentais. Comprometeu o crescimento económico e a convergência. Aumentou a carga fiscal. Degradou o saldo orçamental. Em termos simples, este Governo viveu de desbaratar o excedente que herdou, não colocou a economia a crescer (ao contrário, colocou a contrair e a divergir com a União Europeia) e ainda fez subir a carga fiscal. Tudo ao contrário do que prometeu.

No próximo ciclo político, a AD pretende juntar a esta mediocridade de resultados a influência na esfera do Governo de um projeto radical da Iniciativa Liberal. Não está apenas em causa a destruição do Estado Social (que a IL preconiza, e não vale a pena iludir). A receita da IL, influenciando um Governo da AD, é uma ameaça ao agravamento dos resultados medíocres da AD em termos orçamentais: rapidamente colocará Portugal de regresso aos défices crónicos.

Não estamos em tempos de aventuras. E isso deve pesar na reflexão que temos de fazer nas eleições de domingo.