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“Não é uma decisão reversível”. Galp encerra tema sobre fecho da refinaria de Matosinhos

O responsável pela refinaria da Galp de Matosinhos defendeu que a decisão da empresa “não prejudica o interesse nacional” e que continuará a garantir a disponibilidade dos produtos que comercializa aos seus clientes.
29 Dezembro 2020, 18h24

O responsável pela refinaria da Galp de Matosinhos, José Silva, afirmou hoje que a decisão de encerramento “está tomada e fechada” e que para o complexo não está previsto “nenhum projeto de refinação de lítio”.

“Esta não é uma decisão reversível pelos fundamentos que foram analisados e valorizados pelo Conselho de Administração. A decisão está tomada e fechada”, afirmou hoje o engenheiro José Silva, na reunião da câmara de Matosinhos.

O responsável pela refinaria da Galp de Matosinhos defendeu que a decisão da empresa “não prejudica o interesse nacional” e que continuará a garantir a disponibilidade dos produtos que comercializa aos seus clientes.

Em resposta a questões dos vereadores, José Silva afirmou que não existe “nenhum projeto de refinação de lítio” para o complexo industrial.

“Queria deixar uma afirmação muito sintética e clara: não existe nenhum projeto de refinação de lítio para Matosinhos, o que existe é um estudo de cadeia de valor das baterias porque a armazenagem das baterias está no ADN da Galp”, referiu.

Quanto aos trabalhadores, o responsável afirmou que a Galp tem mantido “um diálogo de proximidade com as estruturas representativas dos trabalhadores”, acrescentando que foram realizadas duas reuniões, uma no dia 21 de dezembro (aquando do anúncio do encerramento) e outra hoje.

José Silva garantiu que a empresa vai “procurar encontrar soluções para todas as pessoas” e que “será feita uma avaliação de cada trabalhador”, sendo que essas soluções “pressupõe que muitas poderão ser recolocadas noutras funções ou localizações, mas também ver recapacitadas as suas competências para fazer face a outros desafios”.

O responsável salientou ainda que o encerramento da refinaria está alicerçado a um projeto de desmantelamento que “durará entre três e cinco anos” e que necessitará de mão de obra.

A transição energética, as alterações de padrões de consumo e os investimentos em refinação foram alguns dos principais fatores e desafios futuros que, segundo, José Silva impactaram a “decisão complexa e difícil” de encerramento da refinaria.

Em 21 de dezembro, a Galp anunciou, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que “continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos”, e que está a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”.

A empresa afirmou que as “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid-19 originaram um impacto significativo nas atividades industriais de ‘downstreaming’ da Galp”, e disse que “o aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”.

Esta reconfiguração “permitirá uma redução de mais de €90m por ano em custo fixos e investimentos e c.900kt das emissões de CO2 e (scope 1 e 2) associadas ao sistema atual”, refere a nota.

Esta decisão já desencadeou várias reações com o Governo a considerar que a decisão da Galp “levanta preocupações” em relação ao destino dos trabalhadores, mas a lembrar que as medidas anunciadas se inserem num processo que visa a descarbonização do setor energético.

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