Antes da crise financeira internacional, em 2007, o peso das exportações na nossa economia rondava os 30% do PIB. Dez anos depois, as vendas ao exterior passaram, pela primeira vez em 65 anos, a valer mais de 40% do produto. Hoje sabemos que, em 2018, as exportações subiram para quase 44% do PIB, percentagem reveladora da abertura da economia portuguesa ao exterior. As exportações foram, de resto, o grande fator de crescimento económico dos últimos anos, juntamente com o investimento empresarial.
Acontece, porém, que as previsões dão conta de uma desaceleração da economia mundial, a que não escapa a UE. Espera-se, pois, uma diminuição da procura externa dirigida à economia portuguesa, até porque os principais destinos das nossas exportações estão a ser particularmente penalizados nesta conjuntura de arrefecimento económico. Alemanha, Espanha, França e Itália estão a rever as suas projeções de crescimento para baixo, ao mesmo tempo que o Reino Unido, além do abrandamento cíclico da sua economia, poderá ter de enfrentar um Brexit sem acordo. Por tudo isto, o Banco de Portugal espera que as exportações cresçam apenas 3,6% em 2019, em vez dos 4,4% anteriormente previstos.
Perante o cenário de retração da procura externa, uma dúvida emerge: Portugal deve continuar a apostar nas exportações como via para o crescimento ou regressar a um modelo de desenvolvimento centrado nos setores de bens não transacionáveis, no consumo privado e no investimento público? Ora, a resposta só pode ser perseverar na expansão do tecido industrial, no reforço da competitividade e na subida das exportações, sobretudo com maior valor acrescentado.
Este é, de facto, o modelo de desenvolvimento mais sustentável para o nosso país, mesmo que isso implique aumentar a dependência da conjuntura internacional. Com um mercado interno pequeno, níveis de endividamento elevados e significativas necessidades de financiamento externo, Portugal deve prosseguir o atual processo de abertura da sua economia, tendo por horizonte próximo um peso das exportações no PIB de 50%.
Isto não significa que o país, em particular o seu empresariado, não deva reagir à conjuntura internacional adversa. Há que continuar a ajustar o padrão exportador do país, substituindo a venda de produtos de baixo valor acrescentado por produtos mais sofisticados e inovadores. Simultaneamente, o setor exportador deve procurar diversificar os seus mercados de destino, passando a orientar as exportações para economias em que a procura se mantém mais estável.
Naturalmente que é não fácil entrar em novos mercados, mas os nossos empresários, tão fustigados pela recente crise, já deram provas de capacidade para adequarem as suas estratégias de internacionalização à conjuntura. Assim o país lhes dê condições para investir e exportar…