Manuel Pizarro é casado com a bastonária da Ordem dos Nutricionistas. Não há problema nenhum, o primeiro-ministro estava avisado e é amigo de ambos; Manuel Pizarro é dono de uma empresa que presta serviços na área que agora tutela enquanto ministro da Saúde. Diz o mesmo que a empresa não tem actividade desde 2020, mas em 2022 ainda está para ser dissolvida.

A burocracia é tramada, chata, incompetente e, portanto, o ministro está a ser vítima do que passam tantos empresários portugueses donos de micro e pequenas empresas, a realidade do tecido empresarial português, assim não há problema nenhum, ele está meramente amarrado a um sistema indolente e lento.

Curioso é que o sempre disponível para botar faladura em todas as televisões, rádios, jornais e se for preciso até em qualquer folheto paroquial ou do talho, bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, esteja calado que nem um rato. Dizem que é amigo de Manuel Pizarro, logo, agora já não há problema nenhum, pois se isto se passasse com Marta Temido, este médico com uma atracção mórbida por microfones transformar-se-ia naquilo que foi durante o consulado da ex-ministra: um chacal, sempre pronto a atacar.

Ana Abrunhosa, uma ministra que poucas provas de vida tinha dado, veio à tona porque o marido pediu apoios da União Europeia na área que a mulher comanda. Qualquer empresário tem esse direito desde que apresente bons projectos, não há problema nenhum, garantem no Governo. Contudo, alguém entendeu sugerir à ministra que publicasse uma redacção de quarta classe, tão pobre e pífio era o artigo, no Público. Mas nunca uma palavra para o marido ser sócio de um indivíduo acusado de corrupção, como surgiu nos media. Assim sendo, suspeito que também aqui não há problema nenhum para o Executivo.

Portugal vive em maioria absoluta mas não parece. A quantidade de casos e casinhos adorna o clima de um fim de ciclo que vem com estas poeiras do deserto que actualmente nos visitam com frequência. E todos eles minam a autoridade política do próprio primeiro-ministro.

Somando a tudo isto, ainda a incongruência da TAP que se nacionalizou com a decorrente injecção de dinheiro dos contribuintes e que agora se vai privatizar com possível perda de dinheiro como alertou António Costa.

Metem-se assim na gaveta todas as palavras bonitas declamadas por Pedro Nuno Santos sobre a importância da companhia de bandeira, da ligação às comunidades e diáspora. Passado poucos meses, palavras levam-nas o vento. Brincou-se com o dinheiro público, exibiram-se caprichos e tudo para nada. Também aqui no dossier da TAP parece que não há problema nenhum. António Costa é mestre em relativizar os problemas e quanto à oposição, ele continua a triturá-la ao pequeno-almoço.