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“Não me agrada ver um primeiro-ministro e uma juíza” na tarja dos Super-Dragões, diz presidente do IPDJ

A claque dos Super Dragões, afeta ao FC Porto, aproveitou o clássico com o Sporting para criticar o título de campeão que acabaria por ser atribuído ao Benfica. Através de uma tarja apresentou uma equipa de campeões nacionais composta de árbitros, uma juíza e o primeiro-ministro. Presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) estranha silêncio do clube três dias após exibição da foto considerada como uma provocação ao clube da Luz.
  • Carl Recine/Reuters
21 Maio 2019, 18h36

“Pese embora tenda a enquadrar o episódio do ponto de vista da liberdade de expressão, como cidadão confesso que não fico agradado por ver dois órgãos de soberania (tribunais e governo), um representado por um primeiro-ministro e outro por uma juíza, envolvidos de forma negativa nos problemas que são do futebol”. É desta forma que o presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Vítor Pataco, reagiu ao Jornal Económico à exibição da  tarja polémica a dar título do campeonato nacional de futebol a árbitros e dirigentes.

Vítor Pataco reage, assim à imagem exibida no estádio do Dragão, no passado sábado, 18 de maio, onde aparece também o rosto do primeiro-ministro, António Costa e da juíza Ana Peres, titular do processo e-toupeira. Clube da Cidade Invicta recebeu e venceu este sábado o Sporting, mas acabou por perder o título de campeão uma vez que o Benfica venceu o seu encontro com o Santa Clara.

Atribuindo o título de campeão a dirigentes e árbitros, a claque portista exibiu uma tarja em que surgiam vários árbitros, como Fábio Veríssimo, Hugo Miguel ou João Pinheiro, o primeiro-ministro António Costa entre outros, com as camisolas do Benfica, acompanhados da legenda: “Campeões Nacionais 18/19”, ironizando sobre os verdadeiros vencedores do título desta temporada.

Eventual averiguação passa por nova Autoridade contra violência no Desporto

Questionado sobre o facto de o FC Porto não ter feito qualquer comentário até ao momento, três dias após este episódio, o presidente do IPDJ afirma preferir não comentar. Ao nível de eventuais averiguações, o presidente da IPDJ remete o caso para a recém criada Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto.

“Neste momento, o IPDJ não tem atuação sobre esta matéria, porque foi, entretanto, criada a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto”, referiu Vítor Pataco.

Recorde-se que esta autoridade foi criada em outubro do ano passado para prevenir e combater episódios de violência nos espectáculos desportivos, tendo o Governo concretizado desta forma a promessa deixada pelo primeiro-ministro no rescaldo do assalto à academia do Sporting.

A Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto é constituída por um presidente – o oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP) Rodrigo Cavaleiro –  e um conselho consultivo. Este serviço funciona sob a direcção do membro do Governo responsável pela área do desporto. Entre as tarefas às quais a autoridade se propõe estão “fiscalizar o cumprimento e punir as infracções”, “tratar dos processos contra-ordenacionais” e “promover actividades que criem um contexto desportivo assente em elevados princípios e valores éticos”.

APAF repudia tarja

A imagem polémica foi exibida na bancada do Estádio do Dragão durante os segundos iniciais da etapa complementar do jogo FC Porto -Sporting, com cânticos dirigidos pela principal claque portista ao rival Benfica.

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) já repudiou a tarja exibida ao intervalo do FC Porto-Sporting, considerando que a personificação do insucesso desportivo nos árbitros é “um exemplo da falta de cultura desportiva”.

Em comunicado, a APAF disse que “não pode deixar de repudiar a tarja” e fala “em leviandade com que a culpa do insucesso desportivo é caracterizada e personificada”, considerando-a “mais um exemplo da falta de cultura desportiva patente no futebol em Portugal”.

“Acreditamos que uma instituição como o FC Porto não se pode rever neste triste episódio e que irá apurar responsabilidades junto da sua principal claque”, pode ainda ler-se no comunicado.

No arranque da segunda parte do jogo no Estádio do Dragão, no Porto, entre FC Porto e Sporting, da 34.ª e última jornada da I Liga, que os azuis e brancos venceram por 2-1, a principal claque do clube portuense exibiu uma tarja com o onze do novo campeão nacional, em que os rostos que preenchiam a foto do Benfica eram, na sua maioria, de árbitros. A saber: Tiago Martins (árbitro do Braga-Benfica), Luís Godinho (VAR do Rio Ave-Benfica), João Pinheiro (árbitro no Feirense-Benfica e VAR em Braga), Bruno Rodrigues (assistente no Feirense-Benfica), António Costa (primeiro-ministro), Ana Peres (juíza do caso e-Toupeira), Hugo Miguel (árbitro do Rio Ave-Benfica), Bruno Esteves (VAR), César Boaventura (agente), Fábio Veríssimo (árbitro) e Bruno Paixão (VAR do Feirense-Benfica).

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