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“Não podemos continuar a basear a competitividade da economia em baixos salários”, diz ministro da Economia

O ministro do Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, defende que é necessário haver uma valorização salarial acima da média dos últimos anos, acompanhada por um maior investimento em inovação e na qualificação dos trabalhadores.
  • O ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, intervém durante a sua audição perante a Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, no âmbito das audiências sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2018, na Assembleia da República, em Lisboa, 16 de novembro de 2017. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
27 Novembro 2019, 11h13

O ministro do Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, afirmou esta terça-feira que a economia portuguesa não deve continuar a basear-se em “baixos salários e baixos custos”. Pedro Siza Vieira defende que é necessário haver uma valorização salarial acima da média dos últimos anos, acompanhada por um maior investimento em inovação e na qualificação dos trabalhadores.

“Um dos fatores mais críticos da nossa produtividade é o trabalho. Por isso, queremos que as empresas possam comprometer-se, em sede de negociação coletiva e com a liberdade que ela oferece às empresas e sindicatos, poder haver uma valorização maior dos salários, acima da tendência que tem havido nos últimos tempos”, afirmou o ministro, à entrada para a reunião da concertação social.

Pedro Siza Vieira defende que, só fazendo crescer a produtividade e o rendimento, é que o país pode caminhar rumo ao objetivo definido para esta legislatura que é o de “fazer convergir com a União Europeia em matéria do peso dos salários no Produto Interno Bruto (PIB)”.

“Aquilo que desejamos é que os salários em Portugal possam crescer acima daquilo que é a soma da inflação e da produtividade, para podermos caminhar para uma mais justa repartição dos salários no PIB. Isso tem várias componentes. Temos de conseguir fazer subir os salários médios e os salários medianos de forma a que também valoriza os trabalhadores mais qualificados e mais jovens”, indica.

O ministro disse ainda que os recursos humanos qualificados são hoje “um dos fatores mais críticos para o crescimento da produtividade e competitividade” em Portugal. “É importante conseguirmos atrair e criar condições para termos um trabalho mais qualificado em Portugal”.

Pedro Siza Vieira recusou-se a comentar as propostas apresentadas pelos sindicatos e patrões, mas sublinhou que é da vontade do Governo, que haja “um compromisso de, em sede de negociação coletiva, em cada setor e quase em cada empresa, caminhar para a valorização dos salários”. “Ao mesmo tempo, queremos ter políticas públicas que façam aumentar o crescimento da produtividade em toda a economia e em todos os setores”, acrescentou.

O salário mínimo vai aumentar dos atuais 600 euros para 635 euros a partir de um de janeiro do próximo ano. O aumento proposto será de um quinto dos 150 euros de acréscimo salarial que o Governo pretende para o salário mínimo nacional nos próximos quatro anos, a fixar nos 750 euros em 2023.

Questionado sobre o impacto que o aumento dos salários pode ser setores, como o têxtil e do calçado, que já vieram alertar para o risco de falência de algumas empresas, o ministro garante que o Governo irá apoiar “toda a economia, no sentido do crescimento da produtividade”.

“Não podemos continuar a basear a competitividade da nossa economia nos baixos salários e nos baixos custos, mas sim na inovação e na qualificação das pessoas”, sublinhou.

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