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“Há cada vez mais escritórios de advogados que não têm espaço físico”

O advogado Nuno Vieira da Silva conta como fundou a sua ‘legal startup’ e defende que um jurista precisa de ser multidisciplinar e ter acesso a conhecimento em maior escala, porque no que toca ao digital há casos em que as empresas e pessoas estão mais à frente.
25 Março 2021, 16h34

O desenvolvimento da indústria legal portuguesa “como nunca foi visto antes” só será possível quando se transmitir aos jovens licenciados em Direito que o mundo mudou e existem outras saídas profissionais e alternativas dentro da advocacia, nomeadamente com o recurso à tecnologia.

A opinião é de Nuno da Silva Vieira, sócio coordenador do departamento de Legal Intelligence da Antas da Cunha Ecija & Associados, e foi transmitida esta quinta-feira na web conference da JE TV intitulada “Sociedades de advogados: o desafio da digitalização”.

Na opinião do sócio da Antas da Cunha, a advocacia morre quando o cliente for ter com um advogado e estiver mais bem preparado que ele e deixar o jurista sem margem para aconselhar. Portanto, o advogado precisa de ser multidisciplinar e ter acesso a conhecimento em maior escala, porque no que toca ao digital há casos em que as empresas e pessoas estão mais à frente.

“A proliferação de escritórios de advogados que não têm espaço físico é cada vez maior. Recordo-me quando criei a minha startup ter sido inspirado por duas sociedades: a norte-americana Axiom Law e Riverview Law, de Liverpool, que foi adquirida pela Ernerst & Young [EY]”, confessa o jurista, que fundou uma legal startup em Braga.

Nuno da Silva Vieira estava fascinado com o facto de serem duas grandes firmas de advocacia, que trabalhavam com os melhores do mundo, quase sempre a partir de casa. Hoje, a pandemia veio mostrar que a flexibilidade laboral “não é só para dois ou três, mas para todos” e que hoje os escritórios são úteis para reuniões e formações, referiu.

Porém, a transformação digital tem de ter em conta a componente ética e deontológica, porque o machine learning envolve uma análise exaustiva de documentos e, alguns deles, poderão ser confidenciais e entrar em conflito com a máquina. É para esta fronteira que alerta Miguel de Azevedo Moura, professor auxiliar da Nova School of Law.

“Além das questões de confidencialidade, quanto à proteção de ataques cibernéticos e da confiança, não vejo grandes alterações e problemas éticos neste momento. Agora a médio e longo prazo vejo: quando, eventualmente, alguns sistemas de inteligência artificial [IA] começarem a ter impacto nas profissões jurídicos terão indiretamente impacto na vertente ética e deontológica”, argumenta o docente, que coordena o mestrado em Direito – Especialização em Direito e Tecnologia da Nova School of Law. Portanto, a IA tem de obedecer a estes princípios, pilares da advocacia.

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