Desde Abril de 2015, o PS foi… “evoluindo” na sua previsão para o crescimento da Economia Portuguesa em 2016. Naquela data, o PS escreveu no Twitter: “É preciso virar a página a este ciclo de austeridade e obter melhores resultados económicos. Podemos crescer a 2,6% ao ano com uma nova política”.
No documento “Uma Década para Portugal”, ainda de Abril de 2015, o crescimento previsto havia descido para 2,4%. Em Agosto, no “Estudo Sobre o Impacto Financeiro do Programa Eleitoral do PS”, a previsão era ainda de 2,4%. Já em Janeiro de 2016, no Esboço do Orçamento do Estado, a previsão baixa para 2,1%. Em Fevereiro de 2016, no Orçamento do Estado, a previsão baixa para 1,8%. Em Outubro de 2016, no Relatório do Orçamento do Estado para 2016 a previsão atinge o mínimo de 1,2%. Entretanto, há dias, o INE publicou o cálculo oficial: o crescimento económico da economia em 2016 foi de 1,4%. Conclusão imediata de alguns socialistas: o crescimento bateu as previsões(!).
Certos políticos portugueses ainda vivem numa realidade alternativa em que não há internet, em que não há vídeo, em que a informação não está facilmente disponível a quem a queira pesquisar. Pensam que podem ser mais Trumpistas do que Trump e viver de “factos alternativos”. Ridículo.
A verdade é que o crescimento de 2015 foi de 1,6%. A verdade é que o próprio PS, no referido documento “Uma Década para Portugal” previa que a PàF com as suas políticas levasse a um crescimento de 1,7%. A verdade é que os 2,6% ou os 2,4% prometidos em campanha são muito superiores aos 1,4% verificados. A verdade é que a política do PS falhou e a tentativa de mascarar a falha só revela falta de imaginação e de respeito pelos Portugueses.
Fica só a pergunta: como é que queriam que resultasse? Neste ponto há o plano do desejo, da emoção e o lado da frieza dos números. Do ponto de vista emocional o eleitor pode ter as suas preferências sobre o melhor destino a dar aos recursos do país. Agora, do ponto de vista matemático, retirar recursos de produtivos para os entregar a alguns improdutivos só porque pertenciam a grupos próximos de algum dos três partidos da coligação governamental no Parlamento nunca poderia dar resultado. E claro pior será quando muitos dos empréstimos (mesmo que encapotados, como o alargamento de prazos de pagamento na saúde) e os futuros aumentos de impostos que, necessariamente, implicam atingir a economia.
É certo que o Governo não aumentou a função pública em 2017, manteve o congelamento de carreiras e continua a limitar o pagamento de horas extraordinárias, mas os milhares de milhões gastos (esbanjados) a agradar a certos grupos de interesse vão custar muito caro ao país.
Como diria César das Neves, “Não há almoços grátis”. Por mais narrativas que criem, as leis da matemática são irredutíveis.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.